De acordo com declarações na rede social, um cidadão de apelido Gou foi diagnosticado erradamente por um médico do Centro Hospitalar Conde de São Januário. Hoje, dia 24 de Fevereiro, o Centro Hospitalar Conde de São Januário realizou uma reunião de esclarecimento dos termos médicos do caso. A reunião de esclarecimento foi presidida pelo Director do Centro Hospitalar Conde de São Januário, Dr. Kuok Cheong U, estando também presente o Médico adjunto da Direcção, Dr. Pang Heong Keong, o Médico Consultor do Serviço de Neurocirurgia, Dr. Tai Wa Hou, bem como o Chefe substituto do Serviço de Pediatria e Neonatalogia, Dr. Jorge Sales Marques.
Conforme dados do hospital, no dia 12 de Fevereiro de 2016, o paciente em causa foi transportado para o Serviço de Urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário com trauma grave na cabeça provocado por um acidente no trabalho, tendo entrado em coma profundo, 5 pontos de índice de coma (GCS), e com variação da dimensão das pupilas dos olhos. De acordo com o exame de TAC, foram encontrados um grande hematoma subdural fronto-têmporo parietal direito, um pequeno hematoma subdural frontal esquerdo, uma hemorragia subaracnóidea, desvio da linha média para a esqueda, estreitamento pela pressão de ventrículo de cerebro direito, sendo o diagnóstico clínico de traumatismo crânio-encefálico grave e hernia cerebral.
O médico do Serviço de Neurocirurgia em serviço procedeu rapidamente a uma intervenção cirúrgica urgente ao paciente, sendo a dessecação de hematoma subdural e a croniotomia descompressiva. A operação cirúrgica foi bem sucedida e o doente ficou fora de perigo de vida. O paciente foi sujeito a tratamento médico na Unidade de Cuidados Intensivos e, após a realização de traqueostomia, este foi enviado para a enfermaria geral.
Durante o percurso de tratamento, o paciente teve acumulação do fluido subdural e infecção do sistema nervoso central. Após tratamento, tais como, drenagem externa da acumulação do fluido subdural e punção lombar, bem como, injecção intratecal, a acumulação do fluido subdural e a infecção do sistema nervoso central foram controladas. No entanto, começou a surgir gradualmente no doente hidrocefalia e no dia 19 de Maio de 2016 foi submetido a derivação ventrículo-peritoneal (DVP), tendo havido um melhoramento após a intervenção.
Após os tratamentos anteriormente referidos, o estado do doente estabilizou e melhorou comparativamente a antes da realização das operações, porém, ainda se encontrava em coma, ou seja, era necessário um tratamento de reabilitação. Após discussão com a sua família e obtenção de consentimento por parte da mesma, o paciente foi enviado para o Centro de Reabilitação da Federação das Associações dos Operários de Macau.
No presente caso, o paciente sofreu de aderências de ependimária provocadas por hemorragia traumática, hidrocefalia grave, expansão significativa do sistema ventricular e aumento da pressão intracraniana. Após a derivação ventrículo-peritoneal (DVP), o sistema ventricular reduziu significativamente, não houve desvio significativo da linha média e a hidrocefalia normalizou, esndo especilamente signficativa a redução do ventrículo direito, ou seja, a finalidade do tratamento previsto foi atingida, tendo a intervenção sido bem sucedida.
De acordo com as declarações da rede social, a família referiu que um médico de Hong Kong disse que a terceira operação cerebral realizada em Macau não tinha sido bem sucedida devido à radiografia do cerebro, pois a pressão do tubo de drenagem estava muito baixa, levando a que as duas partes do cerebro ficassem inclinadas para um dos lados do mesmo e que, após o exame, o tubo de drenagem tinha bloqueado,perdendo a respectiva função de drenagem. Após análise pelo Centro Hospitalar Conde de São Januário, os comentários feitos eram contraditórios na área da medicina, pois a drenagem excessiva não produz o bloqueio, e na ocorrência de bloqueio, não há drenagem excessiva. Caso o comentário seja verdadeiro, o Centro Hospitalar Conde de São Januário considera como reservadas as opiniões e a prática do diagnóstico emitidas e feitas pelo médico de Hong Kong.
De facto, o paciente sofreu um grave trauma cerebral, hematoma cerebral, com formação de hernia cerebral. Na medicina, é necessário efectuar a remoção do crânio para reduzir a pressão intracraniana, de modo a melhorar o estado clínico para depois ser realizada uma cirurgia de reparação do crânio. Para o efeito, o hospital adoptou a cirurgia de reparação por osso de cranio artificial. Após a primeira operação cirúrgica ao paciente (dessecação de hematoma subdural), houve um melhoramento do estado clínico, contudo, devido à acumulação de fluido epidural e subdural, sem evidente hidrocefalia, foi realizada a segunda intervenção (drenagem do epidural e subdural acomulado), tendo os familiares do paciente sido informados pelo hospital, antes da operação, sobre a designação, o objectivo, a forma, o risco da operação, entre outras informações, assim como foi obtido o consentimento e a assinatura dos familiares.
Após a segunda operação, a acumulação de fluido subdural praticamente desapareceu, porém foi detectada uma bactéria na cultura do líquido cefalorraquidiano, evidenciando uma infecção intracraniana, havendo necessidade de ser submetido a tratamento contra a infecção. Durante o processo de tratamento da infecção intracraniana, o paciente teve hidrocefalia. A contra-indicação de situações de infecção intracraniana consiste na realização de derivação ventriculo-peritoneal, até que a infecção fique totalmente controlada, para poder ser realizada a terceira operação cirurgica(derivação ventriculo-peritoneal), caso contrário a infecção intracraniana pode, através dos tubos de derivação, expandir para a cavidade peritoneal e causar uma grave peritonite. Por esta razão, o hospital adiou a realização da derivação ventriculo-peritoneal ao paciente, tendo feito o tratamento de desidratação em simultâneo, não havendo atraso no tratamento do doente. O tratamento e o diagnóstico do hospital atendem às regras convencionais de tratamento da neurocirurgia. Antes da realização da derivação ventriculo peritoneal, procedeu-se activamente ao tratamento medicamentoso, aumentando a nutrição para a criar condições para a operação, e preparação para a qualquer altura ser realizada a derivação ventriculo peritoneal. Neste sentido, a situação não ocorreu como os familares a relataram de que a decisão da realização da operação ser feita após os familiares terem relatado as recomendações do hospital de Hong Kong.
Após a terceira operação, o resultado da nova TAC cerebral do doente evidenciou: evidente redução do sistema ventricular comparativamente ao estado dilatado inicial, não se evidenciando deslocamento da estrutura da linha média cerebral, o que prova que a cirurgia de derivação ventriculo peritoneal foi bem sucedida.
A par disso, com os vários tratamentos especializados na enfermaria do Serviço de Neurocirurgia, o estado clínico do doente estabilizou, sendo transferido para a entidade de reabilitação para ser submetido a tratamento de reabilitação e cuidados de enfermagem. Esta é a forma convencional praticada no Centro Hospitalar Conde de São Januário.
Por fim, o hospital salienta, mais uma vez, que irá continuar a prestar o tratamento adequado e atempado se o paciente assim o desejar ou em caso de necessidade.