Circulam em fóruns e redes sociais mensagens que alegam que os Serviços de Saúde não divulgaram um evento adverso grave relacionado com um individuo de nacionalidade portuguesa que alegadamente teve uma reação alérgica grave após inoculação da vacina contra a COVID-19.
Após revisão e análise pelos especialistas do registo de consulta deste indivíduo, foi confirmado que houve manifestação de sintomas, mas não estão relacionados com uma reacção alérgica à vacina mas provavelmente são relativos a uma infecção viral geral.
No dia 11 de Março, este individuo, de nacionalidade portuguesa administrou a 2.a dose da vacina inactivada contra a COVID-19 da Sinopharm (Pequim) e no momento da vacinação não manifestou nenhuma indisposição.
A 28 de Março apresentou sintomas como febre, dores musculares, erupções cutâneas, dor abdominal e diarreia e no dia 30 de Março recorreu à consulta do Serviço de Emergência do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ). O médico que o avaliou prescreveu medicação e agendou uma consulta de seguimento, tendo preenchido a notificação de evento adverso após inoculação.
A 1 de Abril, a maior parte das suas erupções cutâneas, que este indivíduo manifestava, tinham desaparecido quando foi avaliado nos Serviços de Dermatologia. Aliás, o dermatologista que clinicamente avaliou a situação indicou que as manifestações clínicas deste individuo não eram reações alérgicas. Por outro lado, os especialistas do Serviço de Infeciologia preliminarmente determinaram que os sintomas foram causados por uma infecção viral geral tendo encaminhado este individuo para consulta de acompanhamento no Serviço de Medicina Interna.
Após análise, os Serviços de Saúde consideram que as manifestações ocorridas com este individuo não correspondem a uma alergia e como os sintomas não eram graves, foi incluído nas estatísticas de eventos adversos ligeiros naquele dia. Deste modo, não anunciaram esclarecimento especial para esse efeito.
Reitera-se que as pessoas, após a inoculação da vacina contra a COVID-19, devem prestar atenção se apresentam ou não sintomas suspeitos de reacção alérgica.
A Organização Mundial de Alergia (OMA) divide as reações alérgicas após a vacinação em duas categorias: imediatas e tardias. A reação imediata começa em poucos minutos após após a vacinação e durante o período de 30 minutos. A reação tardia manifesta-se após várias horas ou até vários dias após a vacinação. As principais reacções alérgicas ocorrem de forma imediata, naquilo que é considerado como reacção imediata. Se decorre da vacinação é uma reação imediata. As manifestações mais comuns da reacção alérgica imediata são sintomas relacionadoos com pele, incluindo comichão, urticária e angioedema (inchaço local ao redor dos olhos, lábios, garganta, etc.); sendo estes sintomas acompanhados de sintomas respiratórios como coriza (inflamação da mucosa nasal), obstrução nasal, aperto na garganta, respiração ofegante, tosse e dificuldade em respirar. Os casos graves podem ter sintomas cardiovasculares e cerebrovasculares, incluindo tonturas, palpitações e hipotensão, até desmaios por inconsciência. As reações alérgicas graves podem incluir edema laríngeo ou choque anafilático, que necessita de ser submetido um tratamento emergente. Normalmente, ocorre no espaço de 30 minutos após a vacinação, sendo este, também, um dos motivos para a permanência das pessoas para observação durante 30 minutos após a vacinação.
As reações alérgicas graves causadas pela vacinação são raras, cerca de uma em um milhão. A incidência de reações alérgicas graves causadas por vacinas de mRNA poderá ser ligeiramente superior.
Para prevenir reações alérgicas graves causadas pela vacinação, os cidadãos precisam de informar o médico que faz a avaliação do seu histórico de reações alérgicas, antes da vacinação, especialmente aqueles que já tiveram reações alérgicas graves. Devendo ser fornecidas as informações concretas alérgicas como vacina, medicamentos, alimentos ou outras substâncias, de modo a avaliar se esta pessoa é adequada para vacinação ou não.
Se ocorrerem sintomas de reacção alérgica após a vacinação, deve primeiramente ser determinada a natureza da reacção alérgica e o tempo emergente da reação alérgica estar ou não relacionado com a vacinação. Em seguida, avaliar se poderá administrar a dose seguinte da mesma vacina ou ser re-vacinado com uma vacina que tem o mesmo componente da vacina suspeita.
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