O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus foi notificado, quarta-feira, 21 de Abril, para o diagnostico de dois eventos adversos após a inoculação da vacina contra a COVID-19.
O primeiro caso foi diagnosticado a uma mulher, 34 anos, vacinada com a segunda dose da vacina de mRNA contra a COVID-19 no dia 5 de Abril num Centro de Saude.
Na noite de 15 de Abril, após efectuar exercícios numa bicicleta ergométrica, durante cerca de 10 minutos, esta mulher sentiu fraqueza nas coxas. No dia 16 de Abril, a dor permaneceu e no dia 17 de Abril piorou. No dia 19 de Abril recorreu ao Hospital da Universidade de Ciência e Tecnologia para exame médico. Os resultados das análises sanguíneas, a 20 de Abril, revelaram um aumento significativo da creatina quinase (CK), tendo sido encaminhada para o Serviço de Urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário onde foi internada na enfermaria de casos agudos com diagnostico de Rabdomiólise. A doente encontra-se em estado estável e a creatina quinase está a diminuir gradualmente.
O segundo caso foi registado num homem, de 34 anos, que administrou a primeira dose da vacina inactivada contra a COVID-19 num Centro de Saúde a 18 de Abril.
No dia 20 de Abril, começou a manifestar diminuição da força oclusal no lado esquerdo e a pálpebra esquerda fechada sem tendência de agravamento. Naquela noite, recorreu ao Serviço de Urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário onde foi diagnosticada paralisia de Bell, comummente conhecida como “Paralisia do nervo facial”. Após receber tratamento sintomático, teve alta sem hospitalização.
Estes dois eventos adversos após a vacinação são considerados eventos ligeiros, mas como não são comuns, foram submetidos ao Grupo de Trabalho de Avaliação de Eventos Adversos após a Inoculação da Vacinas contra a COVID-19 para análise e discussão.
A rabdomiólise não tem sido detectada com mais frequência nos indivíduos que são vacinados contra a COVID-19 do que aquela que é identificada na população de um modo geral. Também a paralisia de Bell não ocorre com mais frequência na população vacinada contra a COVID-19 do que na população geral. Ainda recentemente o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus anunciou um outro caso de paralisia de Bell ocorrido após a inoculação. Alias a primeira situação, após avaliação pelo Grupo de Trabalho de Avaliação de Eventos Adversos após a Inoculação da Vacinas contra a COVID-19, a relação causal entre o evento e a vacinação foi considerada incerta.
A rabdomiólise é referente a uma necrose muscular que libera componentes das células musculares no fluido extracelular e no sistema circulatório. Quando é libertada uma grande quantidade de miosina, há um bloqueio dos túbulos renais que causam uma disfunção renal. As causas incluem trauma, compressão de tecido, fadiga muscular, hipertermia, drogas e venenos, infecção e desequilíbrio electrolítico. Os sintomas comuns incluem urina acastanhada, dor muscular e fraqueza. Em casos graves, pode ocorrer choque e insuficiência renal aguda.
A Paralisia de Bell é a inabilidade repentina ou paralisia dos músculos de um lado da face devido à disfunção do 7º nervo craniano (nervo facial). A causa desta doença é desconhecida. A maioria de doentes começa a recuperar o nervo facial após 2 semanas do início doa sintomas e recupera a normalidade entre três e seis meses. O tratamento com esteroides pode melhorar o prognóstico da doença. A Paralisia de Bell é uma doença comum, de acordo com as estatísticas, nos últimos cincos anos, nos três hospitais (Centro Hospitalar Conde de São Januário, Hospital Kiang Wu, Hospital da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau), a proporção anual da incidência de doentes da Paralisia de Bell e a população é de 55 a 61 casos em 100.000, em média a proporção mensal é de 4,5 a 5,1 em 100.000.
Em Macau, há 55.750 indivíduos inoculados contra a COVID-19 e a taxa de ocorrência de paralisia de Bell é 3,6 em 100.000, portanto, esta taxa de incidência não é superior à taxa de incidência da Paralisia de Bell local.
De acordo com a definição da Organização Mundial de Saúde, entende-se que evento adverso após vacinação são todos os eventos que após a vacinação provoquem uma influência negativa à saúde, esses eventos têm a ver com o tempo (ocorrência após a vacinação), mas não há necessariamente uma conexão causal.
O Centro de Coordenação de Contingência reitera que, a ocorrência de eventos adversos após a vacinação não equivale aos efeitos secundários da vacina. As duas situações são diferentes. Até que os especialistas consigam determinar a relação causal entre o evento e a vacina, não é possível julgar precipitadamente que o evento foi causado pela vacina. Desde que as vacinas foram introduzidas em Macau que há um permanente sistema de monitorização.
Nestas situações a Organização Mundial de Saúde também tem um conjunto de procedimentos e critérios rigorosos, incluindo a uniformidade, intensidade relativa, especificidade, correlação de tempo de evento, racionalidades biológicas, etc..
Com o avanço da vacinação contra a COVID-19, os Serviços de Saúde criaram o Grupo de Trabalho de Avaliação de Evento Adverso após a Inoculação da Vacinas contra a COVID-19, composto por representantes provenientes de várias áreas profissionais médicas. Caso ocorram eventos adversos graves da pessoa vacinada, este grupo irá analisar e avaliar o seu nexo de causalidade, de modo a reforçar o trabalho de monitorização e acompanhamento da vacinação contra a COVID-19 em Macau.