A fim de conciliar o exercício do direito de manifestação promovido e organizado pelas várias associações de trabalhadores de Macau e o bom ordenamento do trânsito de pessoas e de veículos nas vias públicas, foi programado para os manifestantes um itinerário cujo trajecto iniciaria no Jardim Traingular, e depois passaria nomeadamente pela Estrada do Arco, Av. Almirante Lacerda, Av. Coronel Mesquita, Av. Conselheiro Ferreira de Almeida, Av. Dr. Mário Soares e Praia Grande e Sede do Governo, local onde os manifestantes pretendiam entregar uma carta endereçada ao Chefe do Executivo, chamando a atenção para as questões da importação de mão de obra não residente e expulsão de trabalhadores ilegais. Todavia, junto ao antigo cinema Lido, quando de acordo com o itinerário acordado entre os manifestantes e as autoridades policiais estes teriam de seguir para a Av. Coronel Mesquita, houve alguns que começaram a incentivar os outros a seguirem em frente pela Av. Almirante Lacerda, em direcção à Marginal do Patane, e daí para a Av. Almeida Ribeiro, artéria que estava vedada ao desfile pela inconveniência que causaria. Apesar dos avisos e das consequências da sua desobediência, os manifestantes romperam o cordão policial donde resultou ferimentos em vários agentes e numa idosa que ali se encontrava, e lograram chegar ao cruzamento da Av. Almirante Lacerda com a Almeida Ribeiro. Ali, depois de terem causado um enorme engarrafamento no trânsito e alterar os afazeres dos outros residentes por cerca de uma hora, novamente não ligaram aos avisos das forças policiais e começaram a forçar no sentido de seguirem pela Av. Almeida Ribeiro acima, o que acabaram por conseguir. Chegados à Praia Grande, de frente ao edifício da Sede do Governo, pretenderam romper a barreira metálica de protecção ali instalada, e à força começaram a desmonstar as peças e a arremessá-las aos agentes bem como a atirar-lhes outros objectos. Perante estes actos contrários à lei, os agentes da autoridade mantiveram uma postura serena e paciente apesar da firmeza com que incondicionalmente defenderam a integridade da Sede do Governo. Não tendo conseguido os seus intentos e depois de mais de uma hora de distúrbios, os manifestantes dirigiram-se para o cruzamento da Av. Almeida Ribeiro com a Av. da Praia Grande, e ali ficaram sentados no chão interrompendo a circulação rodoviária naquela zona. Assim, com esta conduta, em que se afastaram decisivamente da finalidade que tinham como objectivo do exercício deste direito, foi convocada a comparência do Grupo de Intervenção da PSP. Apesar disso, os agentes no local continuaram a apelar à razoabilidade dos manifestantes para que estes abandonassem o referido cruzamento, só o tendo conseguido cerca de uma hora depois. Não se deve confundir o legítimo exercício do direito à crítica, com o aproveitamento de alguns indivíduos que a coberto de um pretenso direito de manifestação o utilizam para praticarem actos contrários à lei, conduta a que a Corporação estará atenta e não regateará esforços em combater. Para esta manifestação e para que o seu livre exercício decorresse sem perturbações, o CPSP dispôs no terreno 450 agentes, dos quais 25 acabaram por ficar ligeiramente feridos e resultaram danos nos equipamentos de 36. Foram ainda detidos três indivíduos do sexo masculino e um do sexo feminino, todos residentes da RAEM. A polícia apela ainda a todos aqueles que tencionam exercer este direito, que o façam no âmbito da lei e no respeito pela liberdade e direitos dos outros, a fim de se preservar a ordem e segurança públicas.
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