O inquérito sobre a eficiência energética na RAEM, uma iniciativa do Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético, realizado pela Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau, está concluído. Os resultados preliminares do inquérito indicam, que o conhecimento das empresas e das famílias sobre a eficiência energética não é considerado suficiente, pelo que se conclui, que o nível da consciência sobre a conservação energética, ainda poderá ser elevada. O inquérito revela, que apenas cerca de 42% dos entrevistados utilizam lâmpadas de conservação energética e menos de 7% têm instalado ares condicionados com rendimento energético mais elevado. Os dados mostram ainda, que existe espaço em Macau para a promoção da eficiência energética assim como formas de conservação energética. Cerca de 90% dos entrevistados apoiam os planos futuros do Governo em relação à promoção da eficiência energética, dentro dos quais metade manifestou ainda o total apoio ao aumento da eficiência energética assim, como à conservação energética. O inquérito e os entrevistados
O inquérito foi feito, no período de Outubro a Dezembro de 2005, através de inquéritos telefónicos, inquéritos via Internet, visitas porta-a-porta e reuniões com empresas e departamentos públicos, com base numa amostragem aleatória. Os destinatários do inquérito foram principalmente consumidores de energia, fornecedores de produtos energéticos, vendedores de aparelhos que consomem energia, profissionais e estudantes. Os consumidores de energia incluíam famílias, departamentos do governo, serviços públicos e empresas privadas. Foram realizados 1100 inquéritos através do telefone e da Internet, dos quais 907 eram válidos. Receberam-se respostas provenientes de 42 departamentos do governo e serviços públicos, e foram efectuadas entrevistas a 19 hotéis, 61 restaurantes, 61 lojas, 70 escritórios e 33 estabelecimentos de entretenimento. Fizeram-se ainda entrevistas junto de fornecedores de produtos energéticos, vendedores de equipamentos que consomem energia, profissionais e estudantes para se obter dados sobre o nível de conhecimento sobre a eficiência energética e medidas de conservação energética, assim como sugestões e opiniões. A situação sobre a utilização de aparelhos energeticamente mais eficientes e os hábitos de conservação de energia De acordo com os resultados 42,08% dos consumidores entrevistados utilizam lâmpadas de conservação energética, e apenas 6,79% possuem ares condicionados de alta eficiência (por exemplo com a etiqueta de certificação da eficiência energética, ou a possibilidade da conversão da frequência do ar condicionado). Dentro do universo dos entrevistados, apenas 38,28% das famílias utilizam lâmpadas de conservação energética, e 5,28% têm instalado ares condicionados de alta eficiência. Apenas 52% das empresas privadas utilizam lâmpadas de conservação de energia, e 11% utilizam ares condicionados de alta eficiência. A proporção nos departamentos do governo e serviços públicos é relativamente mais elevada, onde respectivamente 65,8% e 15,80% utilizam lâmpadas de conservação energética e ares condicionados de alta eficiência. Analisando os dados estatísticos do relatório sobre a eficiência energética na família, realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) realizado no ano de 2003, revela-se que, em 1999, nos países membros desta organização cerca de 33% das famílias utilizaram, em média, pelo menos uma lâmpada de conservação de energia, tendo o Japão atingido os 100%. Ainda em comparação com os dados do “Inquérito sobre os hábitos do consumo de energia na família”, realizada em Hong Kong no ano de 2005, a proporção da utilização de lâmpadas de conservação energética pelas famílias de Hong Kong é de 57%, e em Macau é de 38,28%. Daqui se retira que a utilização de lâmpadas de conservação energética ainda não é suficientemente popular entre as famílias de Macau, existindo portanto espaço para a promoção da eficiência energética, assim como os hábitos de conservação de energia. Com este inquérito conclui-se também, que as famílias de Macau em geral não têm um conhecimento suficiente sobre a eficiência energética, e os hábitos de conservação de energia se resumem no desligar da luz, ou dos aparelhos eléctricos, quando não são necessários, sendo raras as medidas de eficiência energética e de conservação de energia a longo prazo, como por exemplo a manutenção periódica dos aparelhos de ar condicionado, por falta de informação ou por negligência. Apenas 18% das famílias fazem a manutenção periódica dos seus aparelhos de ar condicionado. A situação é semelhante nas empresas privadas, com uma proporção de 23%. Relativamente aos departamentos do governo a proporção é mais elevada, atingindo os 43,9%. Muitos dos entrevistados afirmaram, que no seu quotidiano costumam desligar a luz ou os aparelhos eléctricos, quando não são necessários, sendo os valores na ordem de 87% nas famílias e atingindo 90% no governo e nas empresas privadas, dos quais a maioria não utiliza temporizadores automáticos para desligar os aparelhos de ar condicionado. Foram também entrevistados 47 condutores de veículos privados para avaliar os conhecimentos e hábitos de conservação de energia na condução de veículos. Notou-se que 57% dos entrevistados adoptam medidas para a conservação de combustível, e sempre que possível utilizam meios de transporte públicos, ou ligam menos o ar condicionado. Cerca de 40% dos condutores não adoptam quaisquer medidas para a conservação de energia, por desconhecerem formas de conservação energética, por considerarem que não é necessário, ou mesmo por não quererem mudar os seus hábitos. Situação sobre à regulação da temperatura do ar condicionado Nas famílias os ares condicionados são regulados para uma temperatura média de 23º C, variando entre os 16º C e 28º C; Nos departamentos do governo e serviços públicos, a temperatura do ar condicionado varia entre os 20º C e 26º C, sendo a temperatura média aproximadamente 23,7º C. Nas empresas privadas varia-se entre os 16º C e 28º C, sendo a temperatura média 21º C. Grau de apoio em relação a um plano futuro do Governo para a promoção da eficiência energética Os resultados revelam, que as famílias, os departamentos do governo e as empresas privadas, apoiam as medidas futuras do governo para a promoção da eficiência energética, atingindo no geral uma percentagem superior a 90% (Quadro 6). As instituições governamentais apoiam a 100%, sendo que 37,2% manifestaram um apoio condicional. Quanto aos restantes, nas famílias o apoio total é de 49,8%, e o apoio condicional de 48.8%. As proporções nas empresas privadas no que se refere ao apoio total e condicional são respectivamente de 40,5% e 58,2%. As razões para o apoio condicional são as despesas e investimentos adicionais, que o plano poderá causar, as inconveniências causadas à vida quotidiana e à operacionalidade, e a possível redução da qualidade de vida e dos serviços. As opiniões mostram, que os entrevistados não têm uma posição contrária à do governo em relação à promoção de medidas para o aumento da eficiência energética, mas estão preocupados com os efeitos, que estas poderão causar no quotidiano, por falta de conhecimento. Por exemplo, as famílias preocupam-se com o facto de as medidas poderem vir a aumentar o custo de vida e trazer inconvenientes ao seu quotidiano. Os departamentos do governo e as empresas, receiam que o plano possa afectar o desenvolvimento do seu trabalho, para além disso, as empresas colocam reservas face a um aumento possível de custos, nomeadamente dos investimentos. O grau de consciência e interesse dos estudantes sobre os problemas de energia Os resultados do inquérito efectuado junto dos estudantes do ensino primário, secundário e superior de Macau, (num total de 310 estudantes) mostram, que os estudantes prestam atenção às informações relacionadas com a energia a nível mundial, dos quais 80% acham, que a situação de tensão mundial quanto ao fornecimento de energia é preocupante, sendo apenas de 20%, a percentagem dos estudantes, que exprimiram desconhecimento ou desinteresse. Os hábitos de conservação de energia dos estudantes são relativamente positivos; entre 70% a 80% dos estudantes entrevistados desligam a luz ou o ar condicionado quando não são necessários, e 30% reprimem activamente o desperdício de energia. As principais fontes de informação diária dos estudantes relacionadas com a energia são a escola, a televisão, o jornal e a Internet. A opinião dos fornecedores de produtos energéticos Os fornecedores entrevistados concordam com a realização da divulgação e educação prolongada junto dos cidadãos, como uma medida necessária para elevar o nível da sociedade em relação à eficiência energética. As dificuldades enfrentadas durante a promoção da conservação de energia, são a facilidade na realização da sua divulgação, mas a incapacidade em avaliar de imediato os resultados atingidos, a possível não aceitação na totalidade ou a facilidade do esquecimento, e por consequente a falta de atenção pela importância e os benefícios trazidos pela conservação de energia. Os entrevistados acham, que a divulgação e a educação junto da sociedade em geral devem ser feitas de uma forma contínua, reforçando a consciência cívica, e popularizando a prática da conservação da energia, através da mudança da mentalidade tradicional. Se conseguirmos transformar a energia numa parte do nosso quotidiano e do nosso trabalho, a eficiência energética poderá ser alcançada de uma forma ainda mais sustentada. Por isso, os fornecedores de produtos energéticos apoiam totalmente os planos futuros do governo para a promoção da eficiência energética e acham, que as políticas e medidas a serem adoptadas não influenciarão a exploração normal dos seus negócios. A opinião dos vendedores dos aparelhos que consomem energia Em relação à venda de aparelhos com maior rendimento energético e um plano de promoção de eficiência energética, a maioria dos vendedores de aparelhos afirmaram, que neste momento, a situação da venda dos aparelhos com maior rendimento energético, ainda não está popularizada, esperando, que a atenção à etiqueta da eficiência energética, possa vir a ser aumentada. Parte do desinteresse tem a ver com o preço dos produtos, assim como o desconhecimento por parte dos consumidores sobre os aparelhos de maior rendimento energético. Ao mesmo tempo, os sectores comerciais concordam com a conservação de energia e a protecção ambiental e acham, que a venda de equipamentos com maior rendimento energético e a promoção da etiqueta de eficiência energética são factores a ter em conta no futuro, mas a possibilidade dos preços dos produtos serem mais elevados será necessariamente um factor a ter em consideração. Por conseguinte deve ser promovida a conservação de energia em Macau, para que todos possam conhecer as vantagens, que virá trazer aos residentes, assim como os elevados benefícios a longo prazo. Acham ainda, que o processo de promoção dos equipamentos com maior rendimento energético e o plano de etiqueta energética devem ser implementados gradualmente, em paralelo com alguns incentivos e conjuntamente com acções de educação cívica. Síntese geral das opiniões Em geral os profissionais e especialistas da área de engenharia, construção civil, arquitectura, ciências tecnológicas, e electricidade, assim como dos vendedores de aparelhos entrevistados acham, que devido à mentalidade tradicional e o problema dos custos, o insuficiente conhecimento da população de Macau sobre a eficiência energética, o baixo nível de consciência sobre a eficiência energética, a pouca popularidade das medidas relacionadas com a conservação de energia, a aplicação em fase preliminar das técnicas existentes, e a legislação inadequada, as medidas sobre a conservação de energia não têm tido uma boa resposta por parte da população. Por isso, existe um espaço amplo para promover a eficiência energética e a conservação da energia em Macau. No entanto, deve-se ter em consideração os dois factores chave, o custo e a eficiência, sendo necessário fazer com que os utilizadores compreendam e aceitem o conceito da eficiência da conservação de energia e os seus benefícios a longo prazo. É necessário, também, uma legislação adequada e a aplicação de tecnologias, algo intimamente relacionado com os profissionais e especialistas. Assim, quando se introduzir uma nova tecnologia, dever-se-á ter em consideração a formação profissional. Alguns referiram ainda, que a promoção da eficiência energética e de equipamentos com maior rendimento energético já é um processo natural, sendo necessário apostar fortemente na educação cívica sobre a conservação de energia. Em relação ao estudo, o Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético considera, que sendo o primeiro inquérito sobre este tema realizado em Macau, os seus resultados ajudarão o Governo da RAEM a ter um melhor conhecimento e domínio sobre a situação local em relação à eficiência energética, nos seus diversos aspectos. O Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético irá efectuar uma análise mais aprofundada dos dados, esperando que o estudo possa vir a servir de referência no futuro, aquando da definição de medidas relacionadas com o assunto.
“Estudo sobre a situação da eficiência energética na RAEM 2005”Divulgação dos resultados preliminares do inquérito
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