A Autoridade Monetária de Macau (AMCM) torna público os valores totais dos activos da Reserva Financeira da Região Administrativa Especial de Macau que até finais de Dezembro de 2014 ascenderam, de acordo com as estatísticas preliminares, a valores na ordem dos MOP246,34 mil milhões, dos quais MOP116,46 mil milhões foram afectos à reserva básica e MOP129,88 mil milhões à reserva extraordinária. APRESENTAÇÃO GERAL DOS INVESTIMENTOS EM 2014 Na gestão das reservas da RAEM, a Autoridade Monetária de Macau, tal como sucede com as instituições públicas de investimentos de outras jurisdições (países ou territórios), confronta-se, indubitavelmente, com riscos de diferentes graus e formas, emergentes dos investimentos. No início de 2014, como resultado da transferência dos saldos orçamentais do ano económico de 2012, nos termos dos procedimentos legais, a dimensão dos activos da Reserva Financeira foi alargada, em que a reserva extraordinária registou uma subida acentuada, tendo materializado, no pressuposto de salvaguarda da dimensão da reserva, uma programação estratégica mais agressiva e diversificada, em relação aos activos gerais a afectar, de modo a elevar os rendimentos. No âmbito dos investimentos em títulos de dívida, considerando que as taxas de juros dos mercados internacionais têm permanecido em níveis extremamente baixos e, os juros dos títulos públicos, como indicadores tradicionais, foram praticamente insignificantes, a AMCM procedeu à aquisição de mais títulos de dívida emitidos por empresas e instituições financeiras e, com a finalidade de alargar o âmbito dos investimentos em títulos, foi ajustada, proporcionadamente, a carteira dos activos afectos a títulos das seguintes duas espécies, respectivamente, de “ranking” elevado e de elevados juros. Até final do ano, a carteira de títulos representou 47% dos activos da Reserva Financeira, dos quais, os títulos denominados em USD e RMB predominaram nas primeiras posições. No decorrer do ano, os investimentos em títulos de dívida da Reserva Financeira beneficiaram com as providências monetárias, de carácter de levantamento apropriado de restrições, tomadas pelo Banco Popular da China, o que resultou na subida geral dos preços dos títulos denominados em RMB “onshore” detidos pela carteira dos activos; por outro lado, a extensão do leque dos investimentos em títulos nos principais mercados do exterior e o reforço da detenção dos títulos de boa qualidade e com juros elevados contribuíram, igualmente, para o aumento dos rendimentos gerais da carteira de títulos de dívida, pelo que os investimentos em títulos acabaram por constituir, outra vez, as maiores fontes de rendimentos da Reserva Financeira, no contexto em que a conjuntura macroeconómica era relativamente difícil e os rendimentos anuais ascenderam a MOP3,65 mil milhões, correspondentes a uma rentabilidade anual na ordem dos 3,3%, mais favorável do que os 2,2%, do ano de 2013. Ao mesmo tempo, na sequência de análises e discussões aprofundadas com o Conselho Consultivo, a AMCM accionou, no decorrer do ano, faseadamente, a carteira de acções dos mercados (bolsistas) emergentes internacionais, a carteira de acções dos mercados bolsistas internacionais e a carteira de “Acções A” dos mercados bolsistas do Continente, no âmbito do “Qualified Foreign Institutional Investors (QFII)”. Até finais do ano, as ponderações baseadas nos activos denominados em acções, representaram cerca de 7,7% da Reserva Financeira e contribuíram, de forma estável, para uma afectação diversificada da carteira de investimentos. De um modo geral, apesar de se terem registado, na carteira de acções dos mercados (bolsistas) emergentes internacionais, resultados negativos, os mesmos foram, suficientemente, compensados pelos lucros resultantes dos mercados bolsistas desenvolvidos; durante ano, a força que dinamizou os rendimentos dos investimentos em acções proveio, sobretudo, da carteira de “Acções A” dos mercados bolsistas do Continente, pois os “Quadros” das empresas de médio e grande porte, ou seja, os componentes nos quais as “Acções A” se focam foram marcados por uma subida muito acentuada, tendo acarretado, rendimentos anuais nos investimentos em acções, superiores a MOP1,4 mil milhões, correspondentes a uma taxa de rentabilidade real de cerca dos 8,7%. No que se refere aos mercados cambais, os investimentos em moedas estrangeiras revelaram grandes riscos, como consequência da volatilidade bastante notável nas taxas de câmbio das principais moedas. Assim, o “Índice do Dólar” foi marcado por um aumento substancial de 12,8%, o EURO e o Iene Japonês por uma queda na ordem dos 12,0%, enquanto que o Dólar Australiano, o Dólar Canadiano e a Libra do Reino Unido foram afectados, igualmente, por quedas, respectivamente, de 8,4%, 8,6% e 5,9%. Em contrapartida, a descida do RMB “offshore” foi mais ligeira, correspondente ainda a 2,6%. No decurso de 2014, a AMCM adquiriu, a preços apropriados, uma certa quantidade de RMB “offshore” e de USD, enquanto que a percentagem das outras moedas se manteve apenas em níveis extremamente reduzidos. Em 2014, no capítulo das divisas da Reserva Financeira, os prejuízos registados, em valores contabilísticos, ascenderam a MOP3,14 mil milhões, os quais resultaram sobretudo de perdas de revalorização cambial do RMB, na ordem dos MOP2,63 mil milhões; no entanto, depois de serem integradas nos rendimentos gerais dos MOP3,93 mil milhões, resultantes dos títulos denominados em RMB e dos juros dos depósitos, os investimentos em RMB acarretaram, efectivamente, retornos na ordem dos MOP1,3 mil milhões, correspondendo a uma rentabilidade de cerca de 1,11%. Na eventualidade de os activos terem sido aplicados em USD, sem detenção do RMB, os rendimentos provenientes dos juros em USD ascenderiam, apenas, a MOP740 milhões, com base na taxa de rentabilidade de 0,63%, dos títulos soberanos dos EUA, de um a três anos. No que concerne às aplicações nos mercados monetários, com a finalidade de assegurar oportunidades para afectação de activos, a AMCM manteve um montante apropriado de depósitos a curto prazo, enquanto que os restantes fundos foram aplicados, de forma oportuna e faseada, em depósitos a prazo mais longo, tendo aproveitado as vantagens do RMB, nomeadamente, com taxas de juros mais elevadas, de forma a tentar maximizar os rendimentos decorrentes dos juros. Por sua vez, os juros anuais de depósitos ascenderam a MOP2,75 mil milhões, equivalentes a uma rentabilidade na ordem dos 2,4%, 67 pontos percentuais superiores aos 1,73% de 2013. Em termos genéricos e no decurso do ano, em consequência do desempenho geral, relativamente estável, dos respectivos mercados, a carteira de investimentos em títulos de dívida e a carteira de investimentos em acções que compunham a “afectação aos mercados de capital” e todas as espécies de depósitos inter-bancários que compunham a “afectação aos mercados monetários” da Reserva Financeira, proporcionaram, igualmente, certos rendimentos anuais. Embora se tenha verificado uma nova queda do câmbio do RMB, ocorrida no final do 4.o trimestre do ano, que resultou no agravamento dos prejuízos anuais no valor contabilístico das divisas, a verdade é que, com a integração dos rendimentos mais elevados, emergentes dos juros do RMB, os retornos efectivos dos investimentos gerais em RMB continuaram a situar-se em nível razoável. Assim, em síntese, no ano de 2014, os saldos acumulados anuais dos investimentos ascenderam a MOP4,67 mil milhões, correspondentes a uma taxa de rentabilidade de 2,0%. PERSPECTIVAS SOBRE INVESTIMENTOS EM 2015 Em 2015, prevê-se uma subida tendencial da taxa de juros de referência dos EUA, as diferentes situações económicas e direcções políticas a nível financeiro dos restantes principais países constituirão factores conducentes à flutuação dos preços dos títulos de dívida dos mercados internacionais, bem como à turbulência do câmbio das divisas, à instabilidade e à incerteza dos mercados bolsistas. Esta série de factores de risco afectará, directamente, a revalorização do preço dos correspondentes activos, no período homólogo, fazendo com que a Reserva Financeira venha a confrontar-se com ameaças eventuais, em consequência das evoluções acentuadas dos rendimentos a curto prazo. Face a esta situação, com base no pressuposto de que os riscos gerais dos investimentos são controláveis e, através do acompanhamento atempado da evolução do mercado e da adopção dos princípios de segurança e eficácia, os investimentos da carteira de activos serão concretizados mediante uma afectação dinâmica, nomeadamente, uma aceleração apropriada de aplicação de fundos em activos denominados em acções, através do asseguramento das oportunidades que emergem dos mercados. Quanto à tendência futura do câmbio do RMB, é de estimar que, no contexto em que se verifica o corte das taxas de juro visando o estímulo económico pelos principais bancos centrais, o Banco Popular da China seguirá eventualmente durante o ano a prática dos referidos bancos centrais, visando estimular a economia; assim, o câmbio do RMB irá confrontar-se com riscos de queda. Por seu turno, a AMCM observará estreitamente a evolução do mercado, de modo a avaliar, oportunamente, os rendimentos gerais derivados dos lucros / prejuízos das divisas e das receitas de juros, a acompanhar e adoptar estratégias de natureza “Hedging” consoante as necessidades, bem como a ajustar a quantidade de activos afectos ao RMB, em função dos riscos e rendimentos, garantindo a segurança dos fundos e tentando, de modo activo, obter rendimentos de investimento estáveis, a médio e longo prazo. * viden em anexo