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“Fórum Verde” do MIECF discute questões ambientais de relevo

Sessão sobre “Inovação Financeira Verde e Desenvolvimento Sustentável”

O segundo dia do “Fórum Verde” do Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau 2018 (MIECF, na sigla inglesa) realizou-se hoje (13 de Abril) e incluiu quatro sessões regulares e uma outra com carácter especial. Os respectivos oradores englobaram vários temas na discussão, como o desenvolvimento de cidades sustentáveis, a inovação financeira e a adopção de uma indústria química mais amiga do ambiente, entre outros tópicos igualmente relacionados com iniciativas de protecção ambiental. A sessão especial teve como oradora Christiana Figueres, reconhecida perita do sector ambiental e especialista mundial em alterações climáticas, que partilhou as suas opiniões sobre a construção das cidades sustentáveis do futuro. A par desta, na “Sessão sobre a Região do Pan-Delta do Rio das Pérolas” (Pan-DRP) participaram representantes das províncias e regiões do Pan-DRP assim como especialistas europeus.

A primeira sessão do segundo dia do “Fórum Verde” foi subordinada ao tema “Cidades Sustentáveis e Resilientes: Principais Desafios e Oportunidades”. A primeira parte da sessão, sob o título “Do Design à Realidade: Estudo de Casos de Exploração de Cidades Sustentáveis”, teve como orador principal o subchefe de Divisão do Ministério da Ecologia e do Ambiente, Li Jun, que proferiu um discurso intitulado “Modernização com base na harmonia entre o ser humano e a natureza – Exploração e prática na construção de cidades e municípios modelo no desenvolvimento de uma civilização ecológica na China”.

Nesta intervenção, Li Jun sublinhou que o conceito de construção ecológica implica um equilíbrio entre o desenvolvimento socioeconómico urbano e rural, bem como medidas de protecção do ambiente, baseadas na preservação dos recursos naturais existentes e na garantia de sustentabilidade no seu uso, de modo a promover-se um desenvolvimento geral sustentável. Para isso, o mesmo responsável defendeu que é necessário ter em consideração a qualidade do meio ambiente durante os processos de desenvolvimento, sendo este um elemento fulcral na tentativa de se atingir uma harmonia entre o desenvolvimento económico e a protecção ambiental.

Li Jun também abordou o tema da construção de cidades e municípios modelo no impulso à criação de uma “civilização ecológica”, explicando que o ênfase deve ser colocado nos principais indicadores ecológicos e na procura do equilíbrio. Neste âmbito, realçou, existem já várias directrizes. Em termos de indicadores, o sucesso pressupõe a criação de um vasto sistema ecológico, um meio ambiente mais saudável, a optimização dos espaços verdes, o desenvolvimento de una Economia Verde, e a promoção de um estilo de vida amigo do ambiente e de uma cultura ecológica. No que concerne ao desenvolvimento equilibrado, será preciso promover a cooperação regional, de forma ajudar as regiões com um ritmo de desenvolvimento relativamente mais lento. Já no que se refere à necessidade de convergência entre o desenvolvimento económico e social, Li Jun encoraja os governos locais a definirem planos de desenvolvimento de longo prazo, o que requer avanços na colaboração entre o desenvolvimento urbano e rural e ainda o reforço da protecção dos espaços verdes, bem como uma clarificação sobre a responsabilidade das autoridades locais na protecção do meio ambiente. A comunidade também deve ser encorajada a participar nestes processos, etc.

A segunda parte da sessão, subordinada ao tema “Relação entre Edifícios Verdes e Cidades Sustentáveis” , teve como orador principal o director do Centro de Investigação para as Ciências Eco-Ambientais da Academia Chinesa de Ciências, Ouyang Zhiyun. O perito dedicou o seu discurso à “Ecologia urbana e construção de cidades sustentáveis”. Ouyang Zhiyun realçou que a China está actualmente a atravessar um período de rápida urbanização e também que mais da metade da população mundial vive actualmente em cidades, embora as zonas urbanas representem apenas 3 por cento da área global. Isto demonstra que a questão da urbanização tem actualmente um impacto significativo no meio ambiente. O responsável destacou, por isso, a importância do estudo da ecologia urbana, uma disciplina abrangente, que poderá ajudar a aperfeiçoar a interacção entre o ser humano e a natureza.

No seu discurso, Ouyang Zhiyun sublinhou ainda que, enquanto ecossistemas complexos, as cidades podem ser transformadas através de meios artificiais, mas nunca devem ser privadas da sua génese baseada na natureza. O principal objectivo de uma cidade sustentável passa por melhorar a regulamentação da estrutura ecológica e das formas de promoção de serviços comunitários e de melhoria da qualidade de vida, aperfeiçoando a relação entre o ser humano e a natureza. No caminho para a construção de cidades e comunidades ecológicas, devemos, desde logo, diminuir o consumo de energia, de água e de utilização de solos e de outros recursos, bem como reduzir as emissões de carbono, salientou o especialista, reforçando a ideia de que um desenvolvimento sustentável, harmonioso e saudável é imprescindível a qualquer ser humano. Quando as práticas económicas atendem às necessidades de desenvolvimento humano, devem incluir a protecção ambiental, a utilização eficiente de recursos, ponderando-se as necessidades das gerações actuais e futuras.

Ouyang Zhiyun referiu também que a construção de cidades ecológicas é uma tendência internacional, havendo muita margem para desenvolvimento. O design de cada edifício deve ter em conta as características ecológicas que pode assumir. Uma boa gestão da água, um design ecológico e a gestão apropriada de resíduos são factores importantes na construção de cidades ecológicas. Estas são práticas seguidas a nível mundial, mas principalmente em cidades de pequena e média dimensão, acrescentou. As grandes cidades têm de observar muitos factores, estando a ser explorada a direcção a seguir.

Olhando para o futuro, Ouyang Zhiyun enumerou alguns passos a seguir: reduzir a emissão de gases causadores de efeito de estufa e responder às alterações climáticas; reduzir as emissões de poluentes atmosféricos e aperfeiçoar as funções ecológicas das zonas urbana. Ao mesmo tempo, sublinhou o especialista, é necessário realizar mais pesquisas e investigações neste campo, optimizar os padrões de desenvolvimento, controlar a poluição ambiental, aperfeiçoar a construção ecológica e promover um estilo de vida sustentável e de baixo teor de carbono. Simultaneamente, deve-se melhorar a investigação tecnológica sobre a construção de cidades ecológicas, reforçando-se o apoio à sua construção através de uma base científica e tecnológica.

Um dos destaques do “Fórum Verde” deste ano foi a sessão sobre “Inovação Financeira Verde e Desenvolvimento Sustentável”, fruto de uma parceria entre os organizadores do MIECF e a Autoridade Monetária de Macau. O orador principal da sessão foi Ma Jun, especialista de topo a nível internacional na área das finanças verdes, e que acumula os cargos de director do Centro para Finanças e Desenvolvimento do Instituto Nacional para a Investigação Financeira da Universidade de Tsinghua e de presidente do Comité de Finanças Verdes da Sociedade Chinesa para Finanças e Banca.

Na intervenção que fez, o responsável realçou que a China Continental enfrenta actualmente desafios relacionados com poluição ambiental que devem ser resolvidos. Assim, o Governo Central tem encorajado, nestes últimos anos, o desenvolvimento de finanças sustentáveis, introduzindo um quadro de políticas relativamente abrangente. Segundo o orador, sete ministérios e outras instituições públicas do país – como o Banco Popular da China – publicaram, em 2016, as “Directrizes para a Implementação de um Sistema Financeiro Verde”. Além disso, em 2017, o Conselho de Estado aprovou cinco projectos-piloto de criação de zonas de reforma financeira sustentável, incluindo na província de Guangdong. Ma Jun afirmou ainda que a China continental apoia a inovação no que toca a produtos financeiros sustentáveis e providencia incentivos às instituições da área para emitirem produtos de crédito também sustentáveis. Até agora, cerca de 50 fundos do género foram lançados por governos locais ou contam com a sua participação, e mais de 200 foram criados no sector privado do país. No que diz respeito à regulação, as autoridades competentes já propuseram um calendário específico para o estabelecimento de um sistema obrigatório de divulgação de informações ambientais que abranja todas as empresas quotadas em bolsa.

Sobre a situação de Macau, Ma Jun sugeriu que o território avance com estudos sobre o desenvolvimento de financiamentos sustentáveis, como a emissão de obrigações com vista à capitalização de projectos ecológicos. O responsável salientou que, através da estreita cooperação entre a China e os países de língua portuguesa sob a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, Macau pode tirar partidos das suas próprias vantagens e tornar-se uma plataforma para a angariação de capital sustentável para os países lusófonos.

Numa sessão especial durante a tarde, Christiana Figueres –vice-presidente da “Global Covenant of Mayors for Climate and Energy”, reconhecida perita do sector ambiental e especialista mundial em alterações climáticas, e que, entre 2010 e 2016, foi secretária executiva da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (UNFCCC, na sigla inglesa) – partilhou com os participantes as suas opiniões sobre o desenvolvimento das cidades sustentáveis do futuro. No seu discurso, a oradora salientou que as cidades continuam a expandir-se e a população a crescer. Esta tendência, sublinhou, é irreversível e exige a construção de mais infra-estruturas e também a adopção de atitudes inovadoras. Ainda relacionada com a urbanização, Figueres disse que a tendência actual passa por descarbonizar. A oradora lembrou que as indústrias com elevada intensidade de emissões de carbono estão a ser gradualmente substituídas por indústrias que recorrem a energias renováveis e limpas, notando que, nos últimos anos, a China continental tem investido muito no desenvolvimento de veículos eléctricos e em outros projectos ecológicos. De acordo com a especialista, a China possui o potencial para se tornar no país mais influente no desenvolvimento do sector da protecção ambiental a nível global.

No seu discurso, Christiana Figueres afirmou que uma cidade ecológica ideal deveria ser mais humana e mais próxima da natureza. Só que o principal desafio, ressalvou, é agora identificar modelos eficazes para tornar cidades de grande dimensão em centro urbanos ecológicos. Neste âmbito, cada cidade deve elaborar um plano de desenvolvimento com base nas suas próprias características, visto que é impossível aplicar com precisão os conceitos e experiências de outras cidades, dadas as diferentes condições encontradas. A especialista disse ainda esperar que, durante este século, as grandes cidades e centros urbanos possam ser desenvolvidos de uma forma responsável, com o uso de veículos eléctricos e de energias renováveis. Estações com energias limpas devem servir as cidades, no caso de não se ter conseguido a construção de cidades ditas orgânicas e, a par disso, acrescentou Figueres, podem-se integrar elementos da natureza nos transportes, na habitação e noutras áreas, para se alcançar um estilo de vida amigo do ambiente.

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