A cerimónia de abertura da Conferência Internacional «Uma Faixa, Uma Rota» e o Desenvolvimento de Macau 2018, que decorre durante dois dias, realizou-se esta manhã (6 de Junho), no Centro de Convenções e Entretenimento da Torre de Macau. O evento junta vários especialistas e académicos, líderes chineses ultramarinos, individualidades do meio político e do de negócios, provenientes da China interior, Hong Kong, Macau e do exterior. Neste primeiro dia, partilharam opiniões sobre o tema “Da Visão à Acção, Macau e o País juntos na Construção da ‘Faixa e Rota’”, apresentando sugestões em prol da participação de Macau na iniciativa nacional.
Na cerimónia de abertura da conferência, o presidente honorário do Instituto dos Negócios Estrangeiros do Povo Chinês, e ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros, Li Zhaoxing, indicou que a iniciativa «Uma Faixa, Uma Rota», embora seja originária da China, oferece oportunidades a todo o mundo e os resultados poderão ser partilhados. Li Zhaoxing acrescentou que as duas Regiões Administrativas Especiais, de Hong Kong e Macau, tiveram um papel importante e impulsionaram a abertura do país ao exterior, mas o desenvolvimento contínuo e rápido do País também oferece uma rara oportunidade a ambas as cidades. Segundo o mesmo responsável, o presidente da China, Xi Jinping, apoia a integração de Hong Kong e Macau na conjuntura geral do desenvolvimento do País para que, com o forte apoio da Pátria, potenciem as suas vantagens próprias de modo a prosperarem e a conseguirem um desenvolvimento de longo prazo.
Li Zhaoxing afirmou também que as oportunidades de desenvolvimento de Macau são potenciar as vantagens do princípio «Um País, Dois Sistemas». Deste modo, desenvolver as vantagens próprias de Macau para que possa integrar a conjuntura geral e apanhar o comboio expresso do desenvolvimento nacional, e assim participar na construção «Uma Faixa, Uma Rota». O presidente honorário do Instituto dos Negócios Estrangeiros do Povo Chinês citou alguns dados, para referir que, entre Janeiro e Abril do corrente ano, o montante real do investimento de Macau na China interior registou um aumento de 77,3 por cento, comparando com o mesmo período do ano passado, sendo esse o maior aumento entre as principais fontes de investimento estrangeiro na China interior. Isto demonstra que o território já agarrou a oportunidade e está no comboio de alta velocidade proporcionado pela Pátria para alcançar um melhor desenvolvimento e ainda mais rápido.
O director do Instituto de Relações Austrália-China da Universidade de Tecnologia de Sydney e ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros da Austrália, professor Bob Carr, disse que décadas de desenvolvimento resultaram em mudanças profundas na China. Nos últimos 20 anos, o país alcançou grandes conquistas, uma dimensão de desenvolvimento, um sucesso, e oportunidades que atraem a atenção mundial. A iniciativa «Uma Faixa, Uma Rota» é o resultado dos esforços da China para obter benefícios mútuos, oferecendo oportunidades e espaço de desenvolvimento para todo o mundo. Ao mesmo tempo, o planeamento da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau vai desenvolver a Baía num porto de nível mundial, num centro financeiro, científico e tecnológico. Assim, Macau deve recolher as opiniões de especialistas e académicos para agarrar as oportunidades de desenvolvimento. Bob Carr indicou ainda que a Austrália também presta elevada atenção à iniciativa «Uma Faixa, Uma Rota», fazendo igualmente parte do grupo de membros do Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas (BAII).
O vice-presidente do Instituto de Estudo de Carnegie Endowment for International Peace, Douglas H. Paal, apontou que a capacidade produtiva da China é inédita e tem vindo a aumentar a um ritmo acelerado, com redes rodoviárias amplamente espalhadas pelo país e as indústrias cada vez mais amadurecidas. Essa rápida fase de crescimento da China é inédita, disse o responsável, destacando o desenvolvimento das trocas comerciais no âmbito da Rota de Seda Marítima do Século XXI, na qual se antevêem ainda mais oportunidades para a China. O mesmo responsável considerou que Estados Unidos poderão desempenhar um papel de complementaridade na construção da iniciativa «Uma Faixa, Uma Rota», nomeadamente através do fornecimento de serviços no campo da ciência e tecnologia de alto nível, bem como experiências na área ambiental e de desenvolvimento da internet. Douglas H. Paal afirmou que a iniciativa «Uma Faixa, Uma Rota», apresentada pela China, é bastante atractiva e foi bem recebida pelos países ao longo do seu percurso. E sugeriu a esses países que adoptem uma atitude aberta e transparente para criarem uma relação estratégica com China.
O presidente da Associação Comercial China - Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), Tan Sri Dato´ Seri Lim Gait Tong, referiu que para dar impulso à iniciativa «Uma Faixa, Uma Rota», Macau poderá desempenhar as funções de plataforma na interacção e cooperação entre China e os países estrangeiros. Para além do papel importante na Grande Baía Guangodng-Hong Kong-Macau, ainda coordenará com os Países da ASEAN os trabalhos da área de serviços de alto nível, tais como financeiros, culturais, turísticos e de convenções e exposições. Macau poderá igualmente servir de plataforma para a interacção da China com o exterior na área cultural, promovendo, em simultâneo com os Países da ASEAN, actividades de conexão entre as populações. Lim Gait Tong instou ainda as empresas da ASEAN a aproveitarem bem as funções de plataforma de Macau na Grande Baía, através de uma promoção activa das trocas comerciais e investimentos bilaterais.
O director do Instituto do Leste Asiático da Universidade Nacional de Singapura, Zheng Yongnian, disse que devido aos diferentes sistemas ao nível económico, político e de gestão de terrenos, é difícil para os países envolvidos nesta iniciativa aplicarem nos respectivos territórios o modelo chinês de desenvolvimento em grande escala. Assim sendo, o responsável apresentou três propostas para lidar com o assunto: 1) reduzir a pressão sentida com a construção desta iniciativa, dando importância a projectos de investimento económico e comercial; 2) fazer uma diferenciação entre os trabalhos de divulgação no interior e no exterior, ou seja, a aplicação de diferentes formas de promoção para dentro e fora do País; 3) haver uma divisão da construção de infra-estruturas em vários pequenos projectos, a fim de elevar a eficiência e reforçar a participação das empresas locais.
Por outro lado, o membro e investigador da Comissão Académica da Reforma e Desenvolvimento Nacional e investigador principal do Centro de Intercâmbio Económico Internacional da China, Zhang Yansheng, observou que Macau pode aproveitar esta iniciativa para difundir o seu papel de ponte entre o mundo e a China, isto é, pode, por exemplo, transplantar para a iniciativa “Uma Faixa, Um Rota” as experiências internacionais mais avançadas e de sucesso, no âmbito dos critérios, gestão, regime e regulamentação. Além disso, o território também pode tirar proveito das próprias vantagens no sentido de criar um centro de formação de quadros qualificados, contribuindo dessa forma para a referida iniciativa, transmitindo conhecimentos básicos de língua portuguesa.
Zhang Yansheng prevê ainda que a indústria relacionada com cuidados de saúde para idosos vai sofrer um grande crescimento na China, sendo que Macau possui igualmente potencial, e com características próprias, neste campo. Além disso, o território poderá ainda impulsionar outras áreas que vão estar mais desenvolvidas no País, como a medicina, o turismo e lazer, a inteligência artificial, as novas energias, o ensino e formação, as indústrias culturais e a protecção ambiental.