A Autoridade Monetária de Macau divulga hoje a estimativa preliminar da Balança de Pagamentos (BP) da RAEM para o ano de referência 2017. A BP, composta pela conta corrente, conta de capital e conta financeira, é um registo estatístico integrado que apresenta os resultados das transacções externas entre um sistema económico com todo o mundo.
Em 2017 a estimativa preliminar do superavit da BP de Macau cifrou-se em 1,6 mil milhões de patacas, destacando-se o saldo positivo de 134,5 mil milhões na conta corrente e um aumento de 111,5 mil milhões nos activos financeiros líquidos não reserva.
As exportações de mercadorias subiram 12,4%, em termos anuais, enquanto as importações de mercadorias (valor de f.o.b.) cresceram suavemente 0,2%, pelo que o déficit comercial de mercadorias diminuiu de 80,0 mil milhões de patacas em 2016 para 78,7 mil milhões em 2017. Por seu turno, as exportações de serviços aumentaram 16,6% em 2017, em consequência da ascensão das exportações de serviços turísticos, enquanto as importações de serviços aumentaram 15,1%. Portanto, o superavit registado na conta de serviços subiu de 231,2 mil milhões de patacas em 2016 para 270,0 mil milhões em 2017.
Nos rendimentos primários, que reflectem os fluxos transfronteiriços dos rendimentos dos factores, o valor da entrada aumentou de 31,9 mil milhões de patacas em 2016 para 41,3 mil milhões em 2017, e o valor da saída cresceu de 61,7 mil milhões de patacas em 2016 para 74,1 mil milhões em 2017, registando-se uma saída líquida de 32,8 mil milhões de patacas. Os rendimentos secundários, que registam as transferências correntes entre residentes de Macau e não-residentes, observaram um valor da entrada que subia de 0,6 mil milhões de patacas em 2016 para 1,8 mil milhões em 2017, e um valor da saída que aumentava de 23,1 mil milhões de patacas em 2016 para 25,8 mil milhões em 2017, registando-se uma saída líquida de 24,0 mil milhões de patacas.
O superavit da conta corrente atingiu 134,5 mil milhões de patacas, tendo crescido 35,7 mil milhões, face aos 98,8 mil milhões registados em 2016, visto que o enorme superavit observado no comércio de serviços compensou o déficit da balança comercial, bem como as saídas líquidas de rendimentos primários e secundários.
Os activos líquidos financeiros não reserva registaram uma saída líquida de 111,5 mil milhões de patacas em 2017, ou seja, mais 11,2 mil milhões face à saída líquida registada em 2016. Salienta-se que em 2017 se registou uma saída líquida de investimento directo no valor de 18,7 mil milhões de patacas, contrastando com a entrada líquida de 10,5 mil milhões de patacas em 2016, sobretudo devido à queda significativa dos passivos do investimento directo. A saída líquida da carteira de investimentos subiu notavelmente, passando de 24,4 mil milhões de patacas em 2016 para 81,0 mil milhões em 2017, devido ao significativo aumento da carteira de investimentos externos dos residentes de Macau (incluindo os indivíduos, a Reserva Financeira da RAEM e as instituições financeiras). A par disso, os passivos externos dos bancos locais aumentaram consideravelmente em 2017, tendo caído a saída líquida de outros investimentos, ou seja, passando de 83,7 mil milhões de patacas em 2016 para 14,4 mil milhões em 2017. Por seu turno, registou-se uma entrada líquida de 2,5 mil milhões de patacas em 2017 nos derivados financeiros, todavia, uma saída líquida de 2,8 mil milhões em 2016.
Os activos de reserva na conta financeira visam mostrar variações das reservas cambiais da RAEM detidas pela AMCM. Eliminado o efeito das variações do preço e da taxa cambial, os activos de reserva aumentaram 1,6 mil milhões de patacas em 2017 (tinham aumentado 3,5 mil milhões em 2016), reflectindo um constante superavit na balança de pagamentos global.
A BP da RAEM é compilada de acordo com o padrão promovido pelo Manual da Balança de Pagamentos e Posição de Investimento Internacional (6ª edição), editado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Os dados resumidos disseminados presentemente incorporam as estimativas estatísticas preliminares, sendo os dados revistos publicados posteriormente em relatório estatístico pormenorizado, a divulgar em Dezembro de 2018.