Coordenador do Centro de Prevenção e Controlo da Doença dos Serviços de Saúde, Dr. Lam Chong e a médica consultor de saúde pública, Dra. leong Iek Hou.
Os Serviços de Saúde através do coordenador do Centro de Prevenção e Controlo da Doença dos Serviços de Saúde, Dr. Lam Chong e da médica consultora de saúde pública, Dra. leong Iek Hou, apresentaram, quarta-feira (20 de Março), a situação epidemiológica do sarampo em Macau.
De acordo com o Dr. Lam Chong, a Região Administrativa Especial de Macau obteve a acreditação da erradicação do Sarampo em 2014 e tornou-se num dos primeiros quatro países e regiões da Região do Pacífico Ocidental a eliminar o sarampo. Contudo mercê da existência de diversos surtos de sarampo em várias regiões vizinhas como é o caso Interior da China, Sudeste Asiático, Sul da Ásia e até Europa, mcaua não esta imune ao aparecimento de casos. Desde o início de 2019 e até ao momento, foram registados oito (8) casos de sarampo em Macau, destes cinco (5) são casos importados e três (3) são denominados casos relacionados com sarampo importado. Em 2018 só foram registados três (3) casos importados e não foi registado nenhum caso relacionado com sarampo importado. Ou seja, existe um aumento significativo em comparação com os números do ano transacto.
O Sarampo é uma doença transmissível aguda por tracto respiratório, causada pelo vírus do sarampo, as vias de transmissão são as gotículas de saliva expelidas, podendo, todavia, ainda ser transmitidas por contacto directo com as secreções infectadas e objectos contaminados de doentes. De um modo geral, o período de incubação é de 7 a 18 dias, podendo ocorrer um período mais longo de 21 dias. O período de transmissão é de 4 dias antes do aparecimento de exantemas e pode continuar por mais de quatro dias até ao seu desaparecimento. Os principais sintomas são febre prodrómica (superior a 38ºC), mancha bucal (Koplik spot), exantema manuculopapular generalizado, conjuntivite, tosse e corrimento nasal. Em geral, o exantema maculopapular aparece três dias após a ocorrência de sintomas. A face e atrás das orelhas são o local de início do exantema, que afecta depois o pescoço, o corpo, os quatro membros e no fim, palma das mãos e planta dos pés, com a duração de 4 a 7 dias e, ao desaparecer, há fragmentos de pele e sedimentos.
O sarampo é altamente contagioso, sendo uma doença muito comum em crianças na época com baixa taxa de cobertura vacinal.
O sarampo é uma doença auto-limitante, sendo a maioria dos sintomas considerados ligeiros. Não havendo nenhum tratamento específico, o Sarampo pode causar complicações como encefalite, pneumonia. A taxa de mortalidade é de 1/1000 a 1/100.
O coordenado do Centro de Controle de Doenças, Dr. Lam Chong, sublinhou que através do fortalecimento e melhoria contínua da estratégia de vacinação para prevenção das epidemias, tendo em vista a manutenção de uma elevada taxa de vacinação, os Serviços de Saúde conseguiram reduzir significativamente a incidência do Sarampo em Macau sendo que, nos últimos anos, foram apenas registados casos esporádicos importados ou mesmo os casos mais relevantes também eram importados. De acordo com as exigências da Organização Mundial da Saúde, a eliminação do Sarampo não significa uma completa inexistência de casos locais do Sarampo.
Esta distinção significa que não há transmissão local do vírus do Sarampo numa grande área geográfica com determinada população e significa também que mesmo a existência de vírus de Sarampo importado não causa transmissão local contínua.
Todos os casos esporádicos e cadeias de transmissão podem ser rastreados até mesmo os casos importados.
A fim de atender aos requisitos da certificação, além do registo dos casos quase inexistentes, é necessário fornecer informação suficiente para provar que o sistema de vigilância do Sarampo é suficientemente sensível. É necessário, ao mesmo tempo, manter uma alta imunidade populacional por meio de estratégias apropriadas de imunização através da vacinação para manter a eliminação do Sarampo.
O Dr. Lam Chong acredita que devido à grave situação epidemiológica das regiões vizinhas, este ano a situação em Macau será, potencialmente, mais grave do que nos anos anteriores, mas ainda é controlável. Não existem razões para que a acreditação seja retirada pela Organização Mundial da Saúde.
Os Serviços de Saúde recomendam que as pessoas que reúnam as condições de vacinação, abaixo indicadas, devem deslocar-se aos centros de saúde para vacinação contra o sarampo:
1) Bebés com vacinação programada até aos 12 e 18 meses;
2) Quem que não tenha completado as duas doses da vacina entre os 18 meses e 18 anos de idade;
3) Indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos, ou seja, que nasceram após 1970 e, que não tenham sido infectados por sarampo nem foram vacinados com uma dose após o primeiro ano aniversário.
Como existe um grande número de trabalhadores oriundos das Filipinas e do Vietname, especialmente os empregados domésticos que trabalham no Território, os Serviços de Saúde apelam aos empregadores para prestarem atenção aos seus trabalhadores que sejam oriundos das zonas onde existem alertas. Caso o registo de vacinação seja desconhecido, devem programar a vacinação anti-sarampo.
Os trabalhadores não residentes podem, por vontade própria serem vacinados nos hospitais privados. A vacinação, por vontade própria, também é possível nos Centros de Saúde e nos Postos de saúde (tem um custo inferior a 100 patacas), mas é necessária a apresentação, no momento da realização da vacinação, do bilhete de identificação, cartão de utente dos Serviços de Saúde (pode ser tratado no local) e documento comprovativo de trabalho.
Por seu turno a médica consultora de saúde pública, Dra. Leong Iek Hou, revelou que nas últimas 24 horas foram diagnosticados mais dois novos casos. Um dos quais detectado numa médica que recentemente tratou um caso importado.
O primeiro caso foi detectado numa médica de Medicina Interna do Hospital Kiang Wu, residente de Macau, com 38 anos de idade. No dia 14 de Março apresentou sintomas de febre, e no dia 19 manifestou erupção cutânea, tendo sido submetida aos testes de IgM e PCR contra o sarampo, cujos resultados foram positivos. Esta paciente, médica, nasceu no interior da China, e desconhece-se se foi ou não vacinada contra o sarampo. De momento esta internada na enfermeira de isolamento do Hospital Kiang Wu, com febre, mas o seu estado clínico é considerado normal. Durante o período de incubação a paciente não viajou. De acordo com o tempo de início dos sintomas, este caso foi classificado como caso relacionado com sarampo importado. Os familiares da paciente não apresentaram sintomas semelhantes. A paciente já não compareceu nos serviços após a manifestação de sintomas, nem teve contacto com utentes. Os Serviços de Saúde estão a acompanhar o estado clínico das pessoas que estiveram em contacto com a paciente (cerca de 106 pessoas) antes e após o início de sintomas da doença. O termo de acompanhamento será no dia 9 de Abril.
O segundo caso foi detectado num homem com 37 anos de idade, trabalhador não residente de Macau, nacional do Nepal, cavalariço no Macau Jockey Club.
No dia 13 de Março manifestou sintomas de febre, corrimento nasal, tosse, dores de garganta e desconforto ocular, tendo recorrido a uma clínica da empresa. No dia 16 de Março, continuou a manifestar sintomas de febre acrescidos de erupção cutânea facial e no pescoço, tendo recorrido ao Serviço de Urgência do CHCSJ no dia 19. Depois de ter sido submetido aos testes, foi confirmado que os resultados de IgM e PCR contra o sarampo foram positivos.
O paciente nasceu no Nepal e também não sabe se foi ou não vacinado contra o sarampo. De momento encontra-se hospitalizado na enfermeira de isolamento no Centro Clínico de Saúde Pública para tratamento, ainda tem febre, sendo o seu estado clínico considerado normal. O paciente viajou do Nepal para Macau no dia 2 de Março.
De acordo com o historial de viagens e o tempo de início dos sintomas, este é classificado como um caso importado de sarampo. Os colegas que moram na mesma habitação não apresentaram sintomas semelhantes. Os Serviços de Saúde estão a acompanhar o estado clínico das pessoas que estiveram em contacto com o paciente (cerca de 20 pessoas) antes e após o início de sintomas da doença. O termo de acompanhamento será o dia 10 de Abril.
Há, ainda, dois (2) casos suspeitos de sarampo que estão sob investigação.
Os Serviços de Saúde recomendam aos residentes que tomem as seguintes precauções:
- A vacinação é a medida mais eficaz para prevenir a infecção do sarampo. Todas as crianças devem receber duas doses de vacinas, para efeito completo de imunidade, contra o sarampo, após o 1º aniversário;
- Não viaje com crianças que não tenham completa imunidade para viajar ao exterior ou para lugares lotados com visitantes;
- As pessoas que cuidam de bebés e crianças, como cuidadores domésticos e trabalhadores de creches devem ser vacinados contra o sarampo;
- Peste atenção à cortesia do tracto respiratório, não toque nos olhos, nariz e boca antes de lavar as mãos;
- Pessoas imunocomprometidas devem evitar deslocar-se aos locais lotados ou instituições médicas;
- Caso apareçam sintomas suspeitos, devem usar máscara e recorrer à consulta médica.