O secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, disse hoje (30 de Maio), que devido à volatilidade da economia mundial, factores incertos estão a surgir, garantiu que o governo está atento ao impacto que essas transformações têm na economia da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) e mostra-se empenhado na elaboração de planos e preparativos para enfrentar a situação.
O mesmo responsável explicou que, tendo em conta que a quantidade de produtos exportados da China interior através da RAEM para os Estados Unidos ocupa uma parte relativamente pequena do Produto Interno Bruto (PIB) de Macau, não é evidente o impacto directo da fricção comercial entre a China e os Estados Unidos da América (EUA).
Lionel Leong esteve, esta tarde, numa ocasião pública e, no final, falou à comunicação social, onde garantiu que o governo está dotado de um sistema preparado para o surgimento contínuo de factores incertos da economia, incluindo o acompanhamento próximo, por parte da Autoridade Monetária, da situação de investimento das reservas financeiras da RAEM, cujos preparativos e planos são elaborados com empenho e são ajustados em tempo oportuno, por forma a evitar problemas no investimento das reservas financeiras devido à volatilidade contínua no mercado. Por sua vez, a Direcção dos Serviços de Economia tem também monitorizado eventuais alterações na situação da exportação de produtos da China interior para os EUA através de Macau, contudo, na realidade, a quantidade que esses produtos ocupa no PIB local é relativamente pequena, daí que a influência directa da fricção comercial entre os dois países não ser visível.
No entanto, o secretário afirmou que o aumento da volatilidade na economia poderá ter efeitos no poder de compra e na vontade de consumo dos visitantes, além disso, os factores de câmbio podem também reduzir a capacidade de consumo dos mesmos, por isso, considera serem questões que podem afectar a “exportação de serviços” e o consumo em Macau, assim, sublinhou que as autoridades estão atentas às alterações na conjuntura económica.
O mesmo responsável apontou ainda que, conforme as observações recentes, as notícias da actual fricção comercial entre a China e os EUA não provocaram grandes oscilações no mercado da bolsa, ao contrário de situações idênticas registadas anteriormente, disse acreditar ser devido ao facto do mercado ter feito algumas previsões mais fortes sobre o surgimento contínuo de transformações na economia, para a qual foram elaborados mais planos para evitar riscos. Sublinhou ainda que durante o processo de fricção comercial, a comunidade local continua confiante com o desenvolvimento económico a longo prazo do País e de Macau.
Entretanto, Lionel Leong revelou que estão prestes a ser divulgados os dados estatísticos da economia de Macau, do primeiro trimestre, deste ano, os quais registam um crescimento negativo no PIB quando comparado com o período idêntico ao ano de 2018.
Explicou também que esta tendência deve-se à base de cálculo elevada, no primeiro trimestre do ano transacto, e citou como exemplo o investimento do governo em obras públicas. Acrescentou que, uma vez que as obras na Zona de Administração de Macau, na Ilha Fronteiriça Artificial da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, aumentaram as despesas públicas no primeiro trimestre de 2018, o mesmo tipo de investimento no período idêntico do corrente ano reduziu significativamente. Quanto ao investimento privado, na sequência da conclusão de vários empreendimentos de grande escala em 2018 e devido à redução de projectos, em fase de início de obras, no primeiro trimestre de 2019 também regista grandes ajustamentos; relativamente à “exportação de serviços”, os dados mantêm-se estáveis. O secretário considera que para este ano, o objectivo será fazer os possíveis para manter o “básico”, enquanto que a “luta pelo progresso” terá certas dificuldades, contudo, o governo irá continuar a mostrar empenho no seu trabalho em direcção à meta do “progresso estável”.
Em relação à pergunta colocada pela comunicação social sobre a quantidade de renminbi (RMB) liquidados, em Macau, por parte dos países lusófonos, Lionel Leong disse que, no passado, este valor era mais na área do comércio de produtos, sendo menor, em termos de investimento e serviços financeiros. No entanto, Macau está empenhado no desenvolvimento do sector financeiro com características próprias, bem como, no incentivo aos países lusófonos na realização de transacções, em Macau, de actividades financeiras e empréstimos, o que contribui para que a RAEM se torne num Centro de Liquidação de RMB para os Países de Língua Portuguesa. Deste modo, disse ainda acreditar, que comparado ao comércio de alimentos, o investimento, as actividades financeiras e a emissão de obrigações, entre outras actividades, irão promover uma maior quantidade de liquidação de RMB.
O mesmo responsável acrescentou que, após o governo ter assinado vários acordos, respectivamente, com o Banco Industrial e Comercial da China e o Banco da China, algumas modalidades de empréstimos de países lusófonos passaram a ser processadas em Macau, sendo que, no ano passado, foi transaccionado um empréstimo no valor superior a 10 mil milhões. Na opinião do secretário, esta é uma tendência que irá continuar e o facto de haver mais reuniões de individualidades dos sectores bancário e financeiro, em Macau, bem como, a conclusão gradual das infra-estruturas locais, contribuem não só para um maior desempenho do papel de plataforma de prestação de serviços financeiros entre a China e os países lusófonos como também de Centro de Liquidação de RMB para os Países de Língua Portuguesa.
O secretário respondeu também a uma questão sobre o Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China e Países de Língua Portuguesa, afirmando que o Governo da RAEM injectou 400 milhões dólares americanos, enquanto os restantes 600 milhões foram injectados pelo Banco de Desenvolvimento da China. Explicou que após a transferência da sua sede para Macau, o Governo da RAEM começou a impulsionar mudança, o que, por um lado, reduz os requisitos para requerimento, mas por outro, altera a importância que o Fundo dava apenas aos projectos de investimento de empresas da China interior e de Macau em países de língua portuguesa, passando haver um maior incentivo ao investimento mútuo. O motivo desta alteração deve-se à entrada do desenvolvimento nacional numa nova etapa, atraindo, assim, mais empresas lusófonas interessadas no mercado chinês. Frisou ainda que o Governo da RAEM envida todos os esforços para impulsionar o Fundo por forma a alcançar o referido objectivo e tomar a iniciativa de reforçar a comunicação com o Banco de Desenvolvimento da China, actualmente o maior accionista. Paralelamente, o governo irá auscultar a opinião pública, com o intuito de desempenhar melhor o papel reservado ao Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China e Países de Língua Portuguesa.