O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, anunciou, hoje (4 de Fevereiro), o governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) decidiu suspender o funcionamento do sector do jogo e de entretenimento pelo período de duas semanas, e os serviços públicos vão manter apenas os serviços de emergência, em resposta ao desenvolvimento mais recente do surto do novo coronavírus em Macau, reiterando o apelo à população para que permaneça em casa, saindo apenas se estritamente necessário e sempre que procurem cuidados médicos devem ser honestos nas declarações que prestam e não omitir qualquer informação, em prol da salvaguarda da saúde de todos.
Acompanhado pelo secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, e a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Ieong U, o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, convocou uma conferência de imprensa para as 13 horas de hoje, na Sede do Governo, onde anunciou as novas medidas em resposta ao desenvolvimento mais recente do surto em Macau. Disse que, depois de avaliada toda a situação, foi decidido avançar com a suspensão do funcionamento do sector do jogo e de entretenimento pelo período de duas semanas, acrescentando que também os serviços públicos vão suspender os serviços básicos e manter apenas os de emergência. Solicitou ainda ao sector empresarial local para reduzir, adequadamente, as suas actividades, esperando que estas medidas e apelos reduzam a concentração de pessoas, a fim de evitar a infecção cruzada.
Indicou que o governo vai reunir, ainda hoje, com os representantes das seis operadoras de jogo para discutir as medidas e procedimentos necessários relativamente à suspensão do funcionamento dos casinos por 15 dias. E ao mesmo tempo, o governo espera que as operadoras de jogo assumam as suas responsabilidades sociais, tenham em consideração a situação dos seus trabalhadores e tomem medidas adequadas.
O máximo responsável da RAEM apontou que, devido ao grande número de trabalhadores do sector de jogo, a suspensão do seu funcionamento pelo período acima referido ajuda a reduzir a concentração de multidão, designadamente a circulação de trabalhadores não residentes deste sector entre Macau e a China interior. Salientou que o governo também já ponderou as medidas de combate à epidemia para as fases seguintes e respectiva preparação. Garantiu que o governo vai dar muita atenção a toda a situação durante estas duas semanas e avaliar constantemente as medidas aplicar de acordo com o desenvolvimento da epidemia. Entretanto, o governo continuará a recolher e aceitar opiniões viáveis sobre o trabalho de prevenção da epidemia.
Ho Iat Seng revelou que tem trocado, constantemente, opiniões com o chefe do grupo de especialistas da Comissão Nacional de Higiene e Saúde e membro da Academia Chinesa de Engenharia, Zhong Nanshan, sobre os trabalhos contra à epidemia, referindo que este especialista é da opinião de que a epidemia poderá atingir o pico nos próximos oito a dez dias e a melhor maneira de protecção é ficar em casa e não sair. Ho Iat Seng alertou ainda para o facto de Macau ser um território pequeno e com um número reduzido de população, mas onde já se registaram dez casos confirmados, dos quais três são residentes locais, representando uma proporção relativamente alta em comparação com outros territórios.
E perante tal facto, o Chefe do Executivo apelou, por várias vezes, à população para permanecer em casa e sair apenas em caso de extrema necessidade, frisando que também os funcionários públicos que não precisam de ir ao local de trabalho, não devem sair de casa, sublinhando, no entanto, que não se tratam de férias, que as tarefas que podem ser executadas a partir da sua residência devem ser realizadas e que os mesmos devem cumprir o Estatuto dos Trabalhadores da Função Pública mesmo estando em casa. Espera que todos os sectores da sociedade confiem no governo, pois este fará tudo o que estiver ao seu alcance para prevenir e combater esta epidemia, contudo, lembra que precisa da colaboração da população e que todos devem assumir as suas obrigações, incluindo não sair de casa se não houver necessidade, prestar declarações verdadeiras e completas aquando da ida ao médico, com o objectivo de juntos ser possível ultrapassar estes momentos difíceis.
Deu como exemplo a paciente do oitavo caso confirmado que omitiu informação sobre o seu internamento num hospital de Zhuhai, onde esteve para tratamento médico, conduzindo dezenas de médicos, de enfermeiros e respectivas famílias a isolamento para observação. Adiantou que as autoridades estão a acompanhar o mecanismo pelo qual os hospitais possam verificar se os doentes se deslocaram ao exterior, mas o mais importante é que os residentes tomem a iniciativa prestar declarações verdadeiras quando procuram tratamento médico. Salientou que quem não relata a verdade, para além de poder assumir responsabilidade criminal, prejudica-se a si próprio e os outros, esperando que a população tenha em consideração os próprios familiares e os profissionais de saúde.
OChefe do Executivo apelou ainda para a população ser consciente sobre o seu estado de saúde antes de ir à consulta médica e que, caso defebre ou sintomas de gripe, deve dirigir-se ao hospital em vez de uma clínica privada, pois muitas destas estão localizadas em edifícios habitacionais, sendo necessária a utilização de elevador, tornando mais fácil a infecção cruzada.
Ao ser questionado pela comunicação social sobre a possibilidade de o governo encerrar os postos fronteiriços, o Chefe do Executivo lembrou que os alimentos frescos de Macau vêm da China interior e muitos trabalhadores da área da segurança e limpeza vivem em Zhuhai.Salientou que o encerramento de todos os postos fronteiriços, conduzirá a muitos problemas, tais como quem fará a limpeza e a recolha do lixo, fornecimento de alimentos e de primeiro necessidade em Macau? Defendeu que o governo deve fazer avaliações científicas e de ponderação abrangente.
O Chefe do Executivo frisou que o abastecimento de alimentos e de outros materiais é suficiente, em Macau, e que a insuficiência no aprovisionamento de alguns produtos deveu-se à interrupção temporária de abastecimento por parte dos fornecedores durante o período do Ano Novo Lunar, situação que já voltou à normalidade. Sublinhou que não vai encerrar todos os postos fronteiriços e o fornecimento de alimentos e de outros materiais, em Macau, mantém-se normal e que a população pode estar descansada, não havendo necessidade de preocupação.
Relativamente às máscaras, Ho Iat Seng disse que, devido à escassez de máscaras na China interior, o governo da RAEM estáaadquiri-las em todo o mundo, até mesmo por via aérea dos Estados Unidos da América e da Europa, não olhando a custos, no sentido de assegurar o seu fornecimento aos residentes de Macau. No entanto, caso venha a ser preciso pedir o apoio do País,ele acredita que o País também apoiará Macau com as máscaras. Quanto às máscaras para crianças e materiais de desinfecção e de limpeza, garantiu que o governo também está a acompanhar de perto a situação.
Quanto às instalações de isolamento, disse que aqueles que têm contacto próximo com os doentes confirmados são encaminhados para o Centro Clínico de Saúde Pública de Coloane, situado na Estrada do Alto de Coloane, onde ficam sob observação médica em regime de isolamento. Enquanto as outras pessoas que não são doentes, mas precisam de estar em isolamento, são instaladas na Pousada Marina Infante, local que ainda tem muitos quatros vagos, contudo, se, no futuro, não for suficiente, o governo já seleccionou outro hotel, também este fora da zona residencial.
Ho Iat Seng indicou que, a par de prevenir e combater a epidemia, o governo está a ponderar também a recuperação da economia local após a epidemia, incluindo medidas para uma maior aposta nas infraestruturas e estimular o consumo interno e assegurar o emprego da população, as quais serão divulgadas oportunamente. Tendo em conta toda a situação prevê-se um défice orçamental para este ano, mas a RAEM tem reservas financeiras suficientes, sendo altura para “acumular grãos para prevenir a fome".
O mesmo responsável reconheceu que a redução da frequência de transporte público e do horário de funcionamento dos postos fronteiriços geram inconvenientes à população, mas lembrou estar-se num período extraordinário e, assim, para garantir a saúde da população, o mais importante é apelar aos residentes para não saírem de casa, e que não é momento para se pensar em conveniências para o povo, mas sim na saúde pública, por isso, espera que a população compreenda.
Ho Iat Seng manifestou os sinceros agradecimentos aos profissionais de saúde, aos polícias e aos agentes da Alfândega, bem como a todas as pessoas que contribuem para a prevenção e combate a epidemia.