O médico adjunto da Direcção do Centro Hospitalar Conde São Januário (CHCSJ), Dr. Alvis Lo Iek Long, fez nota na conferência de imprensa do Centro de Coordenação que até ao dia 14 de Dezembro, nunca houve uma transmissão comunitária da COVID-19 em Macau e por 260 dias consecutivos não são registados casos locais de transmissão da COVID-19 (incluindo indivíduos infectados assintomáticos). Já passaram 171 dias sem diagnóstico de casos importados.
Macau diagnosticou, até à data, quarenta e seis (46) casos, dos quais, quarenta e quatro (44) são casos importados e dois (2) são relacionados com casos importados. Quarenta e seis (46) pessoas tiveram alta. Não há registo de qualquer infecção entre os profissionais de saúde nem casos mortais. Todos os doentes recuperados já concluíram o isolamento do período de convalescença, não há nenhum caso de contacto próximo em observação médica. Nos últimos sete (7) dias - 7 de Dezembro a 13 de Dezembro - foram testadas em Macau 88.537 pessoas.
Nesta conferência de imprensa a Coordenadora do Núcleo de Prevenção de Doenças Infecciosas e Vigilância de Doença do Centro de Prevenção e Controlo da Doença dos Serviços de Saúde, Dr.ª Leong Iek Hou explicou a aquisição das vacinas tendo referido que o Governo, desde Março, tem estado em contacto com três empresas farmacêuticas produtoras das vacinas que tiveram um rápido desenvolvimento e se encontram, ou concluíram, a terceira fase de ensaios clínicos.
A Dr.ª Leong Iek Hou acrescentou que a RAEM, em Julho de 2020, manifestou a intenção de participar no programa da Organização Mundial de Saúde - COVAX (Acesso global de vacina contra COVID-19) da OMS-GAVI tendo, em Setembro, assinado um protocolo com a COVAX, para aquisição de 200.000 doses, pagando um depósito. Prevê-se que a vacina fornecida pela COVAX esteja disponível no quarto trimestre de 2021.
A Coordenadora do Núcleo de Prevenção de Doenças Infeciosas e Vigilância de Doença do Centro de Prevenção e Controlo da Doença dos Serviços de Saúde adiantou, ainda, que Governo da RAEM negociou, também, directamente a aquisição da vacina inactivada da Sinopharm; a vacina mRNA da BioNtech representada pela Fosun Pharma; e a vacina baseada em vector adenoviral da AstraZeneca, totalizando cada uma um total de 400.000 doses.
A vacina inactivada da Sinopharm possui uma técnica já amadurecida e apresenta efeitos secundários leves, com uma taxa de sucesso satisfatória, precisa ser armazenada entre 2 a 8°C e possui um longo tempo de armazenamento. A sua desvantagem é a taxa efectiva de prevenção de doenças de 86%, o que não é tão boa quando comparada com a vacina de mRNA, ainda que esta vacina tenha altos requisitos de segurança de produção e altos custos. A vacina inactivada da Sinopharm já foi autorizada para uso urgente pelo Governo do Interior da China e muitos países do Oriente Médio, sendo registada oficialmente pelos Emirados Árabes Unidos e Bahrein e já foi solicitada a entrada no mercado no país.
A vacina de mRNA agenciada por Fosun Pharma tem uma taxa efectiva de prevenção de doenças que atinge os 95% e pode ser produzida de forma rápida, mas uma das suas desvantagens é a necessidade de ser armazenada a -70 °C, o que tem altos requisitos para equipamentos de transporte e armazenamento. A vacina de mRNA necessita de ser descongelada e diluída antes de usar, sendo que o tempo de armazenamento é muito curto: o período de validade é de 6 meses e o período de armazenamento é de apenas 5 dias após o descongelamento. Ainda que a vacina de mRNA seja uma nova tecnologia, há, ainda muitas incertezas. Esta vacina foi autorizada ou aprovada para uso urgente no Reino Unido, Bahrein e Canadá, sendo autorizada para uso urgente pela FDA, bem como solicitada junto à EMA e algumas instituições fiscalizadoras a nível mundial para comercialização condicional final e fica por autorizar.
A vacina baseada em vector adenoviral da AstraZeneca apenas precisa ser armazenada de 2 a 8°C e tem um longo tempo de armazenamento, com uma técnica de experiência historial e baixo custo, mas a desvantagem é que a pesquisa publicada recentemente revela que a eficácia desta vacina varia de 62,1% (2 doses completas) a 90,0% (meia dose + dose completa), e a eficácia de diferentes doses é bastante diferente, sendo que o seu uso ainda não foi autorizado em nenhum país.
Sobre a prioridade de acesso às vacinas a organização da vacinação prevê que sejam as pessoas com alta exposição ou com necessidades especiais as primeiras com acesso tal como o pessoal da linha de frente (incluindo profissionais de saúde, bombeiros, polícia, etc.) no combate antiepidémico, pessoas com alta exposição ocupacional (pessoal de transporte, pessoal com contacto de produtos da cadeia de frio), e residentes que precisam deslocar-se a países estrangeiros, etc.
A vacinação universal será realizada em fase posterior depois.
Existem pessoas que não podem aceder à administração da vacina, nomeadamente crianças com idades inferiores a 16 anos, mulheres grávidas e mulheres que planeiam engravidar nos três meses seguintes.
A vacinação é baseada no princípio da voluntariedade.
A escolha do tipo de vacina, a administrar, só será possível quando existirem e estiverem disponíveis no mercado, ao mesmo tempo, todas as marcas.
A Dr.ª Leong Iek Hou explicou que relativamente à segurança é exigido que a vacina contra o novo tipo de coronavírus cumpra certos padrões. Por exemplo, só quando as vacinas sejam condicionalmente usadas ou comercializadas em determinado país ou região específica é que Macau ajudará no registo da vacina para que a mesma possa ser enviada para Macau. Os estudos científicos destas três vacinas já foram publicados em jornais médicos e em alguns casos já foram publicados oficialmente relatórios clínicos intercalares da 3.ª fase e obtiveram a certificação de instituições estrangeiras, sendo que os Serviços de Saúde continuam a acompanhar os ensaios clínicos.
Relativamente à quantidade de vacinas, Macau deve receber as vacinas repartidas por lotes com base na capacidade de armazenamento; na capacidade de abastecimento dos fabricantes e; na procura de Macau. De acordo com a actual situação, prevê-se que o primeiro lote de vacinas chegue no primeiro trimestre de 2021. Uma vez que o tempo de chegada das vacinas para utilização urgente em Macau não difere da chegada de algumas vacinas, que concluíram os ensaios clínicos de 3.ª fase, pelo que foi cancelada a aquisição da utilização urgente das vacinas.
Sobre a preocupação de alguns jornalistas com a síndrome de Guillain-Barré ocorrida num ensaio clínico realizado pela Sinopharm no Peru, o Governo da RAEM esta atento a essa situação. A Coordenadora afirmou que, independentemente de avacina ser administrada ou não, as doenças como a síndrome de Guillain-Barré podem acontecer. Para perceber se a ocorrência no Peru está relacionada com a vacina, ainda vai demorar alguns dias até que os especialistas percebam e investiguem a situação.
Sobre a eventualidade de existir um calendário específico de vacinação, o Dr. Alvis Lo mencionou que ainda nada está definido porque há, ainda, muitos factores que geram incertezas, como os dados científicos da vacina e o tempo de chegada em Macau. O Governo da RAEM está, dentro das suas capacidades, a criar as condições necessárias, a desenvolver diversos programas, de modo a que os residentes possam ser vacinados de forma organizada após a chegada da vacina.
Os residentes de Macau serão vacinados gratuitamente, a taxa de vacinação para os demais indivíduos está ainda por definir.
Ainda a propósito das vacinas o Dr. Alvis Lo Iek Long explicou que relativamente à entrada de estrangeiros em Macau que tenham administrado a vacina, é, ainda, é necessário que se aguarde algum tempo para observar o efeito global da vacina, mas no âmbito da prevenção e controle da epidemia, as políticas preventivas podem ser ajustadas conforme a situação em cada momento. À data não há planos para exigir a vacinação às pessoas que entrem em Macau, mas não está descartada essa possibilidade.
Sobre o cancelamento de actividades, nomeadamente as actividades de passagem de Ano e fogo-de-artifício, o médico salientou que a actual pandemia ainda é crítica, há novos casos esporádicos em diferentes partes do Interior da China e há o regresso a Macau de residentes que se encontram espalhados por regiões de médio e alto risco daí que o Governo da RAEM tenha mantido o nível de alerta. Em anos anteriores há registo da participação de cerca de 20 mil pessoas nestas actividades pelo que é difícil configurar entradas e saídas unificadas nestas actividades, para uma implementação efectiva das medidas antiepidémicas necessárias. Assim o Governo da RAEM decidiu cancelar as duas actividades, após a consideração abrangente.
Em termos das questões de observação médica, a Coordenadora do Núcleo de Prevenção de Doenças Infecciosas e Vigilância de Doença do Centro de Prevenção e Controlo da Doença dos Serviços de Saúde, Dr.ª Leong Iek Hou indicou que entre o dia 7 de Dezembro e o dia 13 de Dezembro foram submetidos a observação médica 898 indivíduos. No total, até ao dia 13 de Dezembro, foram enviados para a observação médica 21.274 indivíduos. Há, ainda 1.704 indivíduos em observação médica, 1.699 dos quais em hotéis designados e 5 em instalações sanitárias.
Sobre o tratamento de pessoas que manifestam febre no momento da passagem nos postos fronteiriços, a Dr.ª Leong Iek Hou mencionou que, em princípio, tanto Zhuhai como Macau não querem exportar casos confirmados para outros locais. Se forem detectados residentes de Macau com febre a sair de Macau em postos fronteiriços, ser-lhes-á dado conselhos. Se os cidadãos forem do Interior da China e estejam a regressar serão remetidos às entidades de Zhuhai para tratamento. Da mesma forma, se Zhuhai encontrar um residente de Macau com febre, este irá encaminhá-lo para Macau para processamento e acompanhamento.
A Chefe da divisão da Direcção dos Serviços de Turismo, Dra. Lau Fong Chi reportou o número de pessoas em observação médica em hotéis designados. A partir de 11 de Dezembro, o Hotel Dragão Royal, que pode fornecer 144 quartos, será utilizado como hotel de observação médica. Também reportou o número de pessoas em observação médica em hotéis designados. Há um novo plano previsto para ser implementado a partir de 20 de Dezembro, e a primeira fase será testada até o final de Janeiro de 2020, tendo sido feita a avaliação depois.
O chefe da Divisão de Ligações Públicas, Lei Tak Fai, relatou a actual situação da cidade e a situação de entradas e saídas de Macau, entre outros. Os dois chefes também deram respostas às perguntas de jornalistas.
Estiveram presentes na conferência de imprensa o médico adjunto da Direcção do CHCSJ, Dr. Lo Iek Long, o Chefe da Divisão de Relações Públicas do Corpo de Polícia de Segurança Pública, Dr. Lei Tak Fai, a Chefe da Divisão de Relações Públicas da Direcção dos Serviços de Turismo, Dr.ª Lau Fong Chi e a Coordenadora do Núcleo de Prevenção de Doenças Infecciosas e Vigilância de Doença do Centro de Prevenção e Controlo da Doença dos Serviços de Saúde, Dr.ª Leong Iek Hou