Em 2020, a Reserva Financeira da Região Administrativa Especial de Macau registou rendimentos dos investimentos na ordem dos 31,06 mil milhões de patacas (MOP), o que corresponde a uma rentabilidade anual de 5,3%, o que traduz o mais elevado recorde da História, em termos de montante. Nos últimos cincos anos, a rentabilidade anual média da Reserva Financeira situou-se em 3,1%, enquanto que a média da taxa de inflação anual foi de 2,0%, em comparação com o período homólogo.
No decorrer do ano, o Governo da RAEM utilizou, pela primeira vez, os fundos da Reserva Financeira, no valor de MOP46,6 mil milhões, para suprir o défice orçamental, bem como transferiu uma parte do saldo da execução do orçamento central referente ao ano de 2018, no valor de MOP52,26 mil milhões para a Reserva Financeira. Até finais de 2020, os valores dos capitais da Reserva Financeira aumentaram 6,3%, em comparação com o ano anterior, tendo atingido MOP616,12 mil milhões; dos quais a reserva básica representava MOP146,6 mil milhões e a reserva extraordinária MOP469,52 mil milhões.
Mercados financeiros globais marcados por fortes flutuações, concretização das metas definidas de preservação e valorização dos capitais, mediante uma abordagem multifacetada
Em 2020, a epidemia da pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus tem vindo a espalhar-se pelo mundo, o que causou impactos extremamente graves nas economias de todos os países, os mercados financeiros globais flutuaram fortemente, com um declínio registado no primeiro trimestre, sem antecedentes. Neste contexto, no maior mercado de acções do mundo, verificou-se, por várias vezes, o accionamento do chamado “circuit breaker” (sistema automático de interrupção de operações devido a fortes flutuações no mercado de acções), o qual constitui um cenário que nunca foi verificado na História. Porém, numa situação extremamente desfavorável, a Reserva Financeira conseguiu, com sucesso, a preservação e a valorização dos seus capitais, através da afectação prudente e da cobertura de riscos, bem como da aplicação de fundos em mercados com crescimento potencial.
A análise feita por tipos de activos, no início da epidemia, revela que a Reserva Financeira concretizou uma implantação defensiva e reduziu a sua posição em activos de risco elevado. Posteriormente, em alguns dos principais mercados de acções, verificou-se um desvio da tendência de queda registada no primeiro semestre do ano, em consequência das políticas quantitativas de estímulo económico anunciados nesses mercados, a que acresceu a circunstância de uma proporção relativamente elevada de activos de “equity” ter sido alocada em mercados de alto crescimento, o que constitui um factor que contribuiu para o aumento dos rendimentos anuais decorrentes dos investimentos em “equities”.
Em termos de títulos de crédito, a Reserva Financeira prorrogou, de forma ordenada, as durações médias dos activos afectos a carteiras de títulos, bem como reforçou a percentagem dos títulos em RMB, com vista a garantir rendimentos mais elevados. Durante o ano, foi introduzida uma carteira de títulos globais através da adjudicação a uma nova empresa, de modo a assegurar as oportunidades de investimento que surgem nos mercados mundiais de obrigações.
Por outro lado, no domínio dos depósitos no mercado monetário, estes continuaram a gerar receitas com risco mais reduzido, derivadas de juros para a Reserva Financeira, apesar de a taxa de juros quase zero ter reduzido as receitas dos juros, em geral. Entretanto, a reavaliação cambial registou proveitos líquidos, após a redução das despesas com a cobertura (despesas de “hedge”) decorrentes do controlo dos riscos cambiais.
Gestão dos investimentos da Reserva Financeira com base nos princípios da “segurança, eficácia e estabilidade”
Perspectivando o ano de 2021, o preço dos activos de risco já se encontra num patamar elevado, apesar de a epidemia causada pelo novo tipo de coronavírus continuar a existir, verificam-se ainda muitas variáveis na recuperação económica global, a que acresce o factor de os mercados monetários terem registado taxas de juros muito baixas ou mesmo negativas, estes são factores que constituem grandes desafios para a gestão dos investimentos das reservas. Neste contexto, a AMCM continuará a prosseguir os princípios fundamentais da “segurança, eficácia e estabilidade”, através da optimização contínua do regime da gestão de reservas, bem como ajustará, de modo oportuno, as estratégias de investimento, em função da evolução do mercado, aproveitando os estudos e o aconselhamento dos profissionais das empresas de consultoria de investimentos internacionais de gestão externa, no sentido de tentar maximizar os benefícios dos recursos das reservas e prevenir os riscos financeiros.
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