O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus informa que, esta manhã (dia 21 de Maio), foi notificado pelo Hospital Kiang Wu, do registo de um caso grave após a inoculação de uma vacina contra a COVID-19.
O Grupo de Trabalho de Avaliação de Eventos Adversos após a Inoculação da Vacina contra a COVID-19 dos Serviços de Saúde realizou de imediato uma reunião e convidou os médicos responsáveis do Hospital Kiang Wu para discussão da situação.
As conclusões obtidas pelos especialistas foram que as manifestações do doente se devem a uma epiglotite necrosante aguda e não há relação com a vacina administrada. Foi considerado um evento ocasional.
O caso foi diagnosticado num homem com 48 anos de idade que no dia 17 de Maio manifestou dores de garganta. Devido ao agravamento das dores de garganta e falta de ar por volta das 09h00 do dia 19 de Maio, recorreu a uma clínica privada onde lhe foi prescrito tratamento anti-infeccioso oral. Cerca das 11h desse dia, já em casa, desenvolveu dificuldades respiratórias, desmaiou e perdeu a consciência, foi transportado por ambulância para o Serviço de Urgência do Hospital Kiang Wu. Após manobras de reanimação, o batimento cardíaco do doente recuperou e foi internado na Unidade de Cuidados Intensivos para tratamento intensivo.
Através da tomografia computadorizada, laringoscopia directa e análise sanguínea esta situação foi diagnosticada com epiglotite necrosante aguda.
A epiglotite necrosante aguda causou obstrução das vias aéreas, paragem cardíaca e encefalopatia hipóxico-isquémica aguda.
O doente está em estado grave e a receber tratamento na Unidade de Cuidados Intensivos. Este homem tinha sido vacinado, no dia 13 de Maio, num Centro de Saúde, com a primeira dose da vacina de mRNA ( BioNTech) contra COVID-19 e não houve desconforto significativo após a inoculação.
Na reunião de urgência desta manhã do Grupo de Trabalho de Avaliação de Eventos Adversos após a Inoculação da Vacina contra a COVID-19 a avaliação pormenorizada das manifestações clínicas do paciente e dos vários resultados dos exames são consistentes com epiglotite necrosante aguda que provoca asfixia, paragem cardíaca e respiratória, bem como encefalopatia hipóxico-isquémica.
A epiglotite necrosante aguda é causada por infecção bacteriana e não há evidências de que a vacinação aumente o risco de epiglotite necrosante aguda.
De acordo com a classificação de casos de eventos adversos após a vacinação da Organização Mundial de Saúde (OMS), embora tenha decorrido um lapso de tempo após a administração da vacina, a doença manifestada pelo vacinado, quer a nível colectivo, quer a nível biológico, não tem nexo de causalidade com a inoculação da vacina. E a doença desta pessoa pode ser explicada por outros factores de risco.
Em síntese, o Grupo de Trabalho de Avaliação concluiu que o evento adverso do paciente não está relacionado com a vacinação e trata-se de um incidente ocasional.
A epiglotite aguda é uma das doenças agudas e graves de otorrinolaringologia, que pode ocorrer tanto em crianças como em adultos. Trata-se de uma lesão inflamatória aguda que afecta principalmente a epiglote e tecidos circunvizinhos na área supraglótica da laringe, caracterizando-se por elevado edema da epiglote, manifestado principalmente por sintomas de um corpo intoxicado, dificuldade em deglutir e respirar.
A epiglotite aguda progride rapidamente e a maioria dos pacientes pode ser curada com tratamento oportuno, enquanto alguns são perigosos, sufocando rapidamente e com uma alta taxa de mortalidade.
Os patógenos mais comuns são Haemophilus influenzae tipo b, Haemophilus parainfluenzae, estreptococos do grupo A, entre outros.
Além disso, o vírus como o vírus varicela-zóster e o vírus do herpes simplex tipo I, também podem causar essa doença; os pacientes com imunidade enfraquecida também manifestar esta doença devido a infecções fúngicas como Candida e Aspergillus.
A definição da Organização Mundial de Saúde entende que evento adverso após vacinação são todos os eventos que, após a vacinação, provoquem infecção negativa à saúde, esses eventos têm a ver com o tempo (ocorrência após a vacinação), mas não há necessariamente uma conexão causal.
Os eventos adversos após a vacinação são causados pela vacina (tais como, vermelhidão, calor e dor após a vacinação, reações alérgicas, entre outros), pelos factores psicológicos, como ansiedade (não relacionados com a natureza da vacina) e eventos de coincidência (outras doenças aconteceram logo após a vacinação.
Mesmo que a vacina não seja injectada, isso acontecerá), erros de processo de produção ou erro do uso da vacina, nomeadamente, erro de produção, transporte, armazenamento ou processo de vacinação (não relacionados com a natureza da vacina), incerteza ou casos que requerem análise de especialistas para encontrar a sua causa.
O Centro de Coordenação de Contingência reitera que, a ocorrência de eventos adversos após a vacinação não equivale a efeitos secundários da vacina.
As duas situações são diferentes.
Até que os especialistas consigam determinar a relação causal entre o evento e a vacina, não é possível julgar precipitadamente que o evento foi causado pela vacina. Desde a a introdução da vacina no mercado que está implementado um sistema de monitorização para efeitos de observação. Nestas situações a Organização Mundial de Saúde também tem um conjunto de procedimentos e critérios rigorosos, incluindo a uniformidade, intensidade relativa, especificidade, correlação de tempo de evento, racionalidades biológicas, etc..
Com o avanço da vacinação contra a COVID-19, os Serviços de Saúde criaram o Grupo de Trabalho de Avaliação de Evento Adverso após a Inoculação da Vacinas contra a COVID-19, composto pelos representantes provenientes de várias áreas profissionais médicas. Ao decorrer eventos adversos graves da pessoa vacinada, este grupo irá analisar e avaliar o seu nexo de causalidade, de modo a reforçar o trabalho de monitorização e acompanhamento na vacinação da vacina contra a COVID-19 em Macau.