Para rever, de forma científica, o nível de leitura dos alunos de Macau, estudar e elaborar políticas e medidas que ajudem a melhorar as capacidades de leitura dos mesmos, a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) organizou a participação de mais de 5.000 alunos do 4.º ano do ensino primário de 58 escolas de Macau no “Progresso no Estudo Internacional de Leitura e Literacia (PIRLS)” 2021, organizado pela instituição académica de prestígio, “Associação Internacional para a Avaliação dos Resultados Educativos (IEA)”. O relatório deste estudo já foi publicado no dia 16 de Maio e os resultados revelaram que o desempenho em leitura dos alunos do 4.º ano do ensino primário de Macau é semelhante ao da edição anterior e que o seu desenvolvimento se tem mantido estável em termos da capacidade de leitura.
A pandemia afectou os alunos de todo o mundo e os estudantes de Macau desenvolveram-se de forma estável
O PIRLS é realizado de cinco em cinco anos. O PIRLS 2021 representa a segunda vez que Macau participa neste estudo, desde a sua primeira participação em 2016. Com a cooperação activa dos intervenientes no sector educativo, Macau superou os desafios da epidemia e concluiu o teste como previsto. No entanto, cerca de 40% dos países e regiões participantes foram afectados pela epidemia, os que os levou a ajustar, significativamente, os planos do teste, que incluiu um adiamento de meio ano na participação, com uma mudança de participantes para alunos do 5.º ano do ensino primário ou um adiamento de um ano com participantes mudando para um grupo de novos alunos do 4.º ano do ensino primário, resultando numa diferença maior de idades entre os alunos participantes e um atraso significativo do teste. Estes ajustamentos afectaram a comparabilidade dos dados, pelo que a IEA advertiu que os países e regiões devem proceder, com prudência, à análise dos seus dados e que não é adequado compararem, directamente, a eficácia do ensino entre países ou regiões participantes, em termos de pontuações e classificações. Além disso, a epidemia afectou, ainda, no geral, a eficácia da aprendizagem da leitura dos alunos em todo o mundo. Entre os 32 países ou regiões que participaram em duas edições consecutivas do estudo, cerca de 70% deles registaram uma queda na sua pontuação. A pontuação global dos alunos de Macau na presente edição foi de 536, o que representa um desempenho estável em comparação com os 546 pontos da edição anterior, mas ainda resultou, obviamente, numa pontuação superior à pontuação média global de alunos (500 pontos), ficando em um lugar entre 9.º e 15.º. Os desempenhos dos alunos de Macau nos quatro níveis de referência internacionais (international benchmark) do PIRLS foram melhores do que a mediana internacional, mostrando um aparente desempenho consistente dos alunos de Macau na capacidade de leitura à edição anterior e um desenvolvimento constante desta capacidade.
Posicionamento em primeiro lugar na equidade educativa e promoção da leitura através de recursos do tipo soft e hard
O relatório do estudo indica que a diferença no desempenho em leitura entre alunos de famílias de diferentes níveis socioeconómicos de Macau é o mais pequeno entre todos os países ou regiões participantes e mesmo que os alunos fossem de famílias de nível socioeconómico relativamente mais baixo, os seus desempenhos seriam obviamente superiores à mediana internacional. Deve-se notar que Macau também foi reconhecido como uma das principais economias do mundo em termos da igualdade no acesso à educação em outro estudo internacional – PISA 2018 (Programa Internacional de Avaliação de Alunos 2018) sobre o desempenho de aprendizagem de alunos de 15 anos do ensino secundário. Os resultados de ambos os estudos confirmam, consistentemente, que o sistema educacional de Macau continua a proporcionar uma educação de qualidade e equitativa aos alunos locais, desde o ensino primário ao secundário.
O estudo do PIRLS analisou também os dados contidos nos questionários destinados a directores de escolas, docentes, encarregados de educação e alunos, que mostraram as seguintes vantagens do uso de equipamentos dehardwareesoftware das escolas de Macau na promoção da eficácia da leitura dos alunos:
1. O ambiente escolar de Macau é, em geral, seguro e ordenado.
- Quanto à disciplina dos alunos, mais de 60% dos directores de escola na comunidade internacional acham que não existem problemas com a disciplina dos alunos, enquanto quase 80% dos directores de escolas em Macau acham que os alunos são disciplinados, não apresentando nenhum problema.
- Em relação ao ambiente escolar, na comunidade internacional, mais de 70% dos docentes consideram que o ambiente escolar é seguro, enquanto quase 90% dos docentes de Macau consideram que a sua escola está localizada numa comunidade segura, onde os docentes se sentem seguros e os alunos se podem concentrar nos seus estudos.
2. São abundantes os recursos de ensino relativos à leitura.
- Quanto ao número de livros de bibliotecas escolares, ao nível internacional, apenas cerca de 50% das escolas têm uma colecção de livros com mais de 2.000 volumes na biblioteca da própria escola, enquanto quase todas as escolas de Macau têm uma biblioteca e 90% das escolas têm mais de 2.000 volumes nas suas bibliotecas.
- Quanto ao canto de livros, ao nível internacional, apenas em mais de 30% das salas de aula existe um canto de livros com mais de 50 volumes, com três tipos diferentes de revistas e, em Macau, quase todas as salas de aula do 4.º ano do ensino primário dispõe de um canto do livro e cerca de 70% dos cantos do livro das salas de aulas têm mais de 50 livros e três tipos diferentes de revistas.
3. O número de computadores educativos disponíveis nas escolas está entre os números mais altos do mundo.
- Ao número de computadores educativos nas escolas, ao nível internacional, o número médio de computadores (incluindo tabletes), disponíveis para alunos do 4.º ano do ensino primário, é de 45 em comparação com 136 em Macau e quase 90% das escolas de Macau têm recursos electrónicos disponíveis para alunos.
4. É activa a participação dos docentes em formações sobre o desenvolvimento profissional relacionadas com a leitura.
- Em relação à formação para docentes, ao nível internacional, apenas 60%, cerca de 55% e menos de 50%, respectivamente, de docentes participaram em acções de formação nas áreas de "ensino de técnicas ou estratégias de compreensão da leitura", "focalização na diversidade do ensino de acordo com as necessidades e interesses dos alunos" e "avaliação do desempenho dos alunos em leitura", enquanto, em Macau, quase 90%, 85% e 75%, respectivamente, dos docentes participaram nas acções de formação acima referidas, mostrando que os docentes de Macau participaram, activamente, em acções de formação profissional.
Cria-se, através da cooperação entre família e escola, uma atmosfera positiva, reforçando o interesse e a confiança dos alunos
O estudo revelou que existe um espaço de melhoramento sobre os interesses e os hábitos de leitura dos encarregados de educação de Macau, bem como o nível de participação em actividades de leitura em famílias de alunos em idade pré-escolar e que também o interesse e a confiança na leitura dos alunos de Macau necessitam de ser reforçados. Portanto, é necessário continuar a fortalecer a cooperação entre a família e a escola, incentivando todas os intervenientes para criarem, em conjunto, uma boa atmosfera propícia à leitura e cultivar nos alunos interesse e hábitos de leitura.
Conclusões
O Governo da RAEM tem atribuído importância ao cultivo da capacidade de leitura nos alunos, desenvolvendo esforços para implementar o princípio “Lendo em toda a cidade”. A DSEDJ continua a utilizar os resultados de vários exames internacionais para rever as políticas curriculares existentes e as medidas de ensino e de aprendizagem, bem como para estudar os factores que afectam a capacidade de leitura dos alunos. Neste sentido, nos últimos anos, foram lançadas as seguintes medidas para melhorar a capacidade de leitura dos alunos:
- Foram criados o “Plano de Incentivo aos Alunos pelo Gosto pela Leitura” e o “Plano de Atribuição de Louvores às Escolas pelo Gosto pela Leitura” para promover a criação de uma boa atmosfera de leitura nas escolas, para que os alunos desenvolvam bons hábitos de leitura.
- Foram fortalecidos os trabalhos relativos à educação parental. Através do Centro de Educação Parental, das escolas e da comunidade, realizam-se, regularmente, palestras destinadas aos encarregados de educação, Feiras do Livro para a Família, Postos de troca de livros, actividades da semana da biblioteca, workshops de leitura nas escolas, actividades de leitura para a família, actividades de leitura para crianças, etc., para que os encarregados de educação dominem as técnicas de ensino da leitura para os seus educandos, que fomentem o prazer da leitura em casa e que promovam uma atmosfera de leitura para a família.
- Continuar a realizar acções de formação profissional para o pessoal docente, a fim de permitir que conheçam os últimos desenvolvimentos no ensino da leitura, possam elevar os conhecimentos profissionais relativos ao aumento do interesse dos alunos pela leitura, ao ensino de estratégias de leitura e ao pensamento de ordem superior, bem como à utilização de equipamentos digitais, etc.
Além disso, a DSEDJ desenvolve, ainda mais, a cooperação interdepartamental para promover a leitura, incluindo a cooperação com o Instituto Cultural para lançar a Série de Actividades da Semana da Biblioteca de Macau e para realizar, de forma contínua, o Programa de Incentivo à Leitura, a fim de cultivar o gosto pela leitura nas crianças e jovens. Em paralelo, o Centro de Ciência de Macau também colaborou com a Faculdade de Educação da Universidade de Macau na criação de um novo espaço de leitura para a família, a "Biblioteca de Livros Ilustrados de Popularização da Ciência", que fornece recursos valiosos de leitura científica para a família.
De acordo com os resultados preliminares do relatório internacional do PIRLS 2021, acima referidos, bem como as informações completas da base de dados, que vão ser publicadas posteriormente pela IEA, a DSEDJ continuará a elaborar, conforme planeado, o relatório do território e o relatório escolar, a organizar sessões de apresentação nas escolas e sessões de partilha sobre os resultados do estudo, para que o sector educativo possa conhecer os resultados do estudo do território e explorar formas de melhorar a capacidade de leitura dos alunos.
A DSEDJ agradece às escolas, aos docentes, aos encarregados de educação e aos alunos a sua participação neste estudo e espera que todas as partes envolvidas continuem a trabalhar, em conjunto, para melhorar a literacia geral dos alunos e cultivar quadros qualificados e excelentes para a sociedade de Macau.