Em 2023, sob um modelo de gestão prudente e flexível, a Reserva Financeira da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) registou um rendimento dos investimentos de MOP28,98 mil milhões, sendo a sua rentabilidade anual 5,2%.
Até finais de 2023, o valor dos capitais da Reserva Financeira ascendeu a MOP580,47 mil milhões, dos quais a reserva básica representava MOP152,06 mil milhões e a reserva extraordinária MOP428,41 mil milhões.
Complexidade e volatilidade dos mercados financeiros mundiais
No início de 2023, num contexto do abrandamento geral das medidas do controlo da epidemia e da difícil recuperação de diversas economias, os principais bancos centrais continuaram a endurecer as suas políticas monetárias por forma a conter a inflação, o que se traduziu num novo aumento das taxas de juro. Além disso, verificaram-se problemas de liquidez em alguns bancos europeus e americanos, circunstância esta que causou pressão, a curto prazo, sobre os mercados. No segundo semestre, ainda que o nível da inflação global tenha gradualmente diminuído após atingir o seu máximo, mantiveram-se as políticas relativas à fixação das taxas de juro em valores elevados por parte de alguns bancos centrais, acrescido da falta de resolução da crise geopolítica, contribuíram para a criação de um ambiente negativo nos mercados financeiros globais.
Face à sobreposição de vários factores de risco, os preços dos activos financeiros apresentaram uma volatilidade significativa. Num ambiente do mercado assente em complexidades e mudanças constantes, a Reserva Financeira implementou uma estratégia prudente em relação à alocação de investimento, de forma a manter um controlo rigoroso dos riscos, destacando-se, de forma continua, uma maior alocação dos activos nos instrumentos do mercado monetário e nos títulos de dívida, procedendo-se ao ajustamento adequado da carteira de investimentos em acções cotadas, de modo a assegurar a preservação do capital e aumentar os rendimentos dos activos.
No domínio dos activos de “equity”, verificou-se um desempenho misto nos diversos mercados accionistas globais. Perante esta situação, a Reserva Financeira efectuou proactivamente ajustamentos das ponderações das suas posições em diversos sectores na sua carteira de investimentos em acções para minimizar os eventuais riscos, tendo procedido igualmente à optimização contínua da estrutura da carteira de investimentos em acções gerida por sociedades de gestão de activos contratadas externamente, tendo os investimentos em activos de “equity” registado rendimentos positivos no ano passado.
No capítulo dos investimentos em obrigações, tendo em conta que as curvas de rendimento na Europa e nos Estados Unidos passaram a ser invertidas e que as taxas de juro de curto prazo encontraram-se num nível relativamente elevado, a Reserva Financeiro aproveitou esta oportunidade para aumentar o investimento na carteira de obrigações durante o ano, ajustando activamente as proporções de vários tipos de obrigações, tendo como objectivo aumentar a afectação das obrigações de alta qualidade que se revestem de elevada notação de crédito, de forma a assegurar os rendimentos esperados nos mercados, o que resultou em rendimentos positivos para esta carteira no ano passado.
Em 2023, foi mantida uma afectação de depósitos elevada no mercado monetário, o que, por um lado, contribuiu para um acréscimo considerável da receita de juros em relação à Reserva Financeira, e por outro, permitiu uma disponibilização de liquidez suficiente bem como uma protecção dos riscos existentes. A nível do mercado cambial, tendo em conta que a taxa de câmbio do USD face à Pataca se manteve relativamente estável, grande parte dos riscos cambiais, incluindo o risco relacionado com o RMB, foram efectivamente controlados, com recurso aos contratos de Swap, registando-se, assim, no ano transacto, ganhos nos domínios da reavaliação cambial e da cobertura cambial da Reserva Financeira.
Implementação de uma gestão prudente de forma a assegurar a preservação do capital e aumentar os rendimentos dos activos
Perspectivando o ano de 2024, tendo presente o fraco crescimento das principais economias, a ausência de melhorias na crise geopolítica, bem como a probabilidade de o ritmo de redução das taxas de juro pelos principais bancos centrais ao longo do ano se desviar significativamente das expectativas do mercado, prevê-se que esses factores incertos continuem a afectar os preços de activos de diversas naturezas, o que constitui um desafio para a gestão dos investimentos da Reserva Financeira no ano corrente.
Num ambiente de mercado assente em alta incerteza, a Reserva Financeira continuará a adoptar os princípios de “segurança, eficácia e estabilidade” no âmbito da afectação de investimento, destacando ainda o controlo e a prevenção dos potenciais riscos de degradação na economia, bem como aumentando, de forma prudente, a proporção de activos de alta qualidade que se caracterizam por um nível de rendimento mais estável, com vista a alcançar o objetivo, de médio e longo prazo, respeitante à preservação do capital e à valorização dos activos das reservas da RAEM.
Ver galeria