O Comissariado contra a Corrupção (CCAC) recebeu uma denúncia apresentada por um cidadão, alegando que alguns trabalhadores de uma empresa integrada de turismo e lazer de Macau revelaram que os mesmos foram contratados como ecónomos mediante pagamento de “comissão de recomendação”. Na sequência da investigação do CCAC, o chefe do departamento de gestão da referida empresa terá solicitado subornos a vários residentes do Interior da China que pretendiam trabalhar em Macau para os ajudar a ingressar na referida empresa. O caso envolveu cerca de 190 mil renminbis.
Durante a investigação, o CCAC descobriu que o chefe de departamento envolvido no caso era responsável pelo recrutamento do pessoal, entre outros assuntos. Desde o ano passado, o mesmo tem vindo a procurar, através da sua namorada, com quem coabitava, e de um outro intermediário, residentes do Interior da China interessados em vir trabalhar para Macau, atraindo-os com a ideia de “não ser necessária nenhuma entrevista” ou “ingresso directo”, cobrando a cada um deles uma “comissão de recomendação” de 15 mil a 25 mil renminbis, conseguindo assim, através do seu poder, ajudar pelo menos nove residentes do Interior da China no referido ingresso com sucesso. De acordo com a investigação do CCAC, a maioria dos candidatos do Interior da China que efectuou o pagamento da dita “comissão de recomendação” foi directamente contratada sem necessidade de participar em entrevistas, sendo que, alguns deles não reuniam sequer os requisitos mínimos de habilitações académicas ou eram analfabetos, o que violou manifestamente os requisitos e as regras de ingresso definidos pela referida empresa.
Durante a investigação do CCAC, houve quem tentasse encobrir o facto de ter recebido “comissão de recomendação”, destruindo, para o efeito, as respectivas provas, induzindo também os restantes trabalhadores envolvidos a encobrirem a respectiva situação.
Nos termos da Lei da Prevenção e Repressão da Corrupção no Sector Privado, o referido chefe de departamento, a namorada com quem coabitava e o intermediário são suspeitos da prática do crime de corrupção passiva no sector privado, e os restantes nove residentes do Interior da China que foram contratados mediante o pagamento de “comissão de recomendação” são suspeitos da prática do crime de corrupção activa no sector privado. O caso foi encaminhado para o Ministério Público para os devidos efeitos.
De acordo com o CCAC, este é já o segundo caso de corrupção no sector privado recentemente descoberto, pelo que se apela mais uma vez à sociedade para ser íntegra e cumprir a lei, e caso as entidades privadas descubram a prática de actos ilícitos, nomeadamente de actos de corrupção activa ou de corrupção passiva, por parte de trabalhadores, devem as mesmas apresentar denúncia de imediato ao CCAC, assegurando-se assim, em conjunto, um ambiente de emprego justo e incorrupto em Macau.