Os Serviços de Saúde foram notificados, quarta-feira, dia 22 de Outubro, da detecção pelo Centro Hospitalar Conde de São Januário de um caso importado de infecção por Legionella (também conhecida como Doença dos Legionários), sendo este o oitavo caso de legionella em Macau, este ano.
O caso foi diagnosticado num homem de 69 anos, residente de Macau, com historial de doenças crónicas. Desde o dia 19 de Outubro que apresentou sintomas de febre e dispneia, tendo recorrido ao médico. No dia 21, os sintomas agravaram-se e recorreu ao Serviço de Urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário, onde recebeu alta hospitalar. Os exames auxiliares indicaram pneumonia e infecção por legionella. O paciente encontra-se em estado crítico e necessita de ser ventilado para respirar. Entre os dias 12 e 14 de Outubro, o doente viajou com a família à província de Jiangxi, e no dia 19 a família apresentou também sintomas de tosse e falta de ar intermitente, tendo sido tratada com assistência médica.
A doença dos legionários é uma infecção provocada pela legionella, sendo que a sua designação teve origem na ocorrência de um grande surto desta doença em 1976 numa reunião de legionários aposentados nos Estados Unidos da América. A legionella é uma bactéria que vive em ambientes aquáticos naturais, como a superfície de lagos, rios, águas termais, bem como no solo, na mistura de terra para vasos e, pode proliferar rapidamente na água morna, em lugares mais húmidos e com temperatura mais elevada, especialmente, quando a temperatura varia entre 20 a 45 graus Celsius. A legionella pode ser também encontrada em sistemas aquáticos artificiais, como torres de arrefecimento do sistema de ar condicionado central, jacuzzis, fontes e aparelhos médicos de uso domiciliário, especialmente na presença de biofilme e sedimentos. Uma pessoa pode ser infectada pela inalação de névoa contaminada, libertada por sistemas aquáticos artificiais, sendo o período de incubação em geral dois a 10 dias.
Esta doença não se propaga através de contacto entre humanos ou pelo consumo de alimentos. De um modo geral, a ingestão de água contaminada com o vírus não infecta as pessoas. Homens, idosos, fumadores, indivíduos alcoólicos, pessoas com fraca imunidade, em especial doentes crónicos (doenças do foro oncológico, diabetes mellitus, doenças pulmonares crónicas ou nefropatia), bem como doentes sujeitos a tratamento com esteróides e inibidores de imunidade têm maior probabilidade de contraírem esta doença. Os sintomas de infecção pela legionella incluem febre, tosse, dispneia, fadiga, dores de cabeça, dores musculares, dores abdominais e diarreia. A doença pode ser tratada eficazmente com a administração precoce de antibióticos.
Os Serviços de Saúde recomendam a aplicação das seguintes medidas de prevenção, a fim de minimizar a hipótese da infecção por esta bactéria:
- Os sistemas de abastecimento de água devem ser correctamente concebidos e operados e devem ser alvo de manutenção periódica;
- As pessoas devem cessar o consumo de tabaco e de bebidas alcoólicas para a manter um estilo de vida saudável;
- Em casa, os aparelhos de filtragem de água devem ser periodicamente inspeccionados e o filtro deve ser substituído;
- Os humidificadores ou outros equipamentos destinados à produção de aerossol, devem ser limpos e reparados conforme instruções do fabricante, incluindo o vazamento diário da água dentro do recipiente, no mínimo, uma vez por dia, secar o recipiente por todo, e colocar água limpa antes de uso, ou seja, água arrefecida após fervida ou água estéril;
- O uso de equipamento médico respiratório no domicílio deve ser efectuado conforme indicações do profissional de saúde e a água usada deve ser água estéril ou água arrefecida depois de fervura, não devendo ser usada água directa da torneira.